Michele Mouton comemora hoje o seu 65º aniversário. A melhor mulher-piloto de sempre, agora delegada da FIA para os Ralis, teve uma carreira memorável, especialmente no tempo em que esteve na Audi, ao lado de pilotos como Walter Rohrl ou Stig Blomqvist. As suas quatro vitórias aconteceram no periodo de 1981 e 82, quando a FIA tiha acabado de criar o Grupo B, e o carro era o mais veloz dos ralis.
O grande ano de Mouton é o de 1982, onde a consistência dela o colocou bem perto do título mundial, o que seria inédito na sua carreira. A bordo do Audi Quattro, a piloto, navegada pela italiana Fabrizia Pons, Mouton já tinha mostrado ao que vinha quando venceu em Sanremo, sendo a primeira mulher a vencer um rali do campeonato do mundo.
Mouton começou a correr por incentivo do seu pai, e pelo meio, andou nas 24 horas de Le Mans, conseguindo até um meritório 21º posto na edição de 1975, vencendo na classe dos dois litros, a bordo de um Moynet-Simca. Fazendo participações no Europeu de Ralis e nas etapas francesas do Mundial, até 1980, a Audi contratou-a por causa do seu talento, e demonstrou-o, primeiro, com um quarto lugar no Rali de Portugal, e depois, com a tal vitória.
Em 1982, competiu em todas as provas, excepto no Rali Safari, e deu logo nas vistas quando venceu o Rali de Portugal. Repetiu o feito em junho, no difícil rali da Acrópole, na Grécia, e em setembro, noutro difícil rali, o do Brasil, onde apenas seis carros chegaram ao fim.
Por esta altura, Mouton tinha uma chance única de vencer o Mundial, contra o seu companheiro de equipa, Walter Rohrl. O talentoso piloto alemão queria vencer o campeonato, e não admitia que fosse batido por uma mulher, apesar de reconhecer o seu talento, e o "showdown" entre ambos iria acontecer na Costa do Marfim, outro rali bem duro na África Ocidental.
Na véspera, Mouton soube que o seu pai, o seu maior incentivador na sua carreira, estava a sucumbir a um cancro. No seu estretor, ele pediu que desse o seu melhor, e ela foi, chegando a estar na frente do rali - e virtualmente, campeã do mundo - a mais de um minuto e meio do segundo classificado, Hannu Mikkola. Mas sobretudo, tinha mais de uma hora para o seu rival, Rohrl. E a aguentar temperaturas de 70 graus Celsius ao volante!
No final, o alemão esforçou-se para a apanhar, e os problemas de transmissão no seu carro, culminando com um acidente que a fez capotar, fizeram com que perdesse para Rohrl. Para ele, foi um alivio, porque "teria aceitado perder para Mikkola, mas não para Mouton. E não é por causa do seu talento, mas sim por ser mulher". Mouton ainda conseguiu ser segunda no Rali RAC, ficando com o vice-campeonato, e a Autosport britânica votou nela como sendo a melhor do ano.
Mouton continuou a correr até 1985 pela Audi, mas os acidentes de Henri Toivonen e de Marc Surer, num mês, fizeram abandonar o WRC de vez, dedicando-se à organização do Rali dos Campeões. Agora está na FIA, moldando os ralis do futuro. Feliz Aniversário!
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