quarta-feira, 22 de junho de 2016

Cinco exemplos de como a Toyota é a construtora mais azarada do mundo

A Toyota é uma das maiores construtoras do mundo e tem uma longa história no automobilismo, em modalidades como a Formula 1, Endurance, IndyCar, Ralis, entre outros, em campeonatos locais e mundiais. A sua entrada foi discreta, mas a sua persistência deu resultados, vencendo mundiais de ralis e de Endurance, para além de vitórias na IndyCar.

Contudo, a construtora japonesa teve imensos azares, especialmente em ocasiões onde esteve prestes a alcançar a vitória. À construtora já aconteceu de tudo: desclassificações por infrações nos regulamentos, má policia corporativa, más decisões em termos de pilotos, engenheiros e projetistas, entre outros. Em contraste, a sua rival Honda, já teve muito mais sucesso em várias categorias como na Formula 1 e a IndyCar. 

Como resultado final, a Toyota, que durante muitos anos foi a marca de automóveis com mais vendas em todo o mundo, acaba por não ter grande palmarés, apesar de já ter investido milhares de milhões de euros nos seus projetos desportivos desde meados dos anos 70, quando constituiu o Toyota Team Europe, na cidade alemã de Colonia.



1 - WRC, 1995



O Mundial de Ralis de 1995 foi o primeiro a usar o sistema de rotação entre ralis, ideia de Max Mosley, e havia um duelo entre Toyota e Subaru, com o seu modelo Impreza. com Ford e Mitsubishi a assistir de forma mais distante. A Toyota tinha o seu modelo Celica, com Didier Auriol e Juha Kankkunen, enquanto que a Subaru tinha Carlos Sainz e Colin McRae, num duelo onde parecia que os pilotos da marca preparada pela Prodrive tinham levado a melhor, pois partilhavam as vitórias - e a luta pelo campeonato - entre si.

Contudo, no Rali da Catalunha, os Toyota foram inspecionados pela FIA, que descobriu irregularidades dentro dos seus carros, e decidiu punir de forma exemplar, suspendendo-os por um ano e desclassificando-os desse campeonato. O anuncio foi uma surpresa para toda a gente e caiu como uma bomba no meio dos ralis, tornando-se num dos maiores escândalos da história do automobilismo.


2 - Rali RAC, 1998


O Rali RAC de 1998 era a última prova do Mundial de Ralis desse ano, e a disputa do título era entre o espanhol Carlos Sainz e o finlandês Tommi Makkinen. O primeiro tinha regressado à Toyota, onde tinha vencido os seus mundiais em 1990 e 1992, enquanto que Makkinen estava na Mitsubishi, que o tinha ajudado a vencer os dois últimos títulos da categoria WRC.

O rali acabou demasiado cedo para Makkinen, que numa das primeiras classificativas, arrancou uma roda do seu Lancer e encostou à berma, assistindo apenas ao resto do rali, convencido de que Sainz iria vencer o campeonato, bastando apenas que chegasse ao fim do rali e pontuar o suficiente para ser coroado como campeão do mundo.

Contudo, a 300 metros do fim da última especial, o radiador do seu Corolla WRC furou e o motor deixou de funcionar, à vista do mundo inteiro, que captou os gestos desesperados do seu navegador, Luis Moya. Mesmo que o carro tivesse arrancado dali, ele teria de chegar inteiro ao parque fechado para poder ser classificado. Makkinen recebeu a noticia de que tinha sido campeão no hotel, quando se preparava para cumprimentar Sainz como vencedor...   

A carreira do espanhol prosseguiu até 2003, mas nunca mais seria campeão. Já Makkinen, ainda ganhou o título em 1999, com a Mitsubishi, para se retirar em 2002, e agora está a ajudar... a Toyota no seu regresso ao WRC, em 2017.


3 - Le Mans, 1999


Em 1999, a Toyota veio para a Endurance com o modelo GT-One, determinado em alcançar o sucesso na clássica francesa, depois da Mazda ter feito o mesmo sete anos antes. Numa corrida que tinha Mercedes e Audi, a Toyota inscreveu três carros para a prova de La Sarthe, o primeiro para Ralf Kelleners, Alan McNish e Thierry Boutsen, o segundo para a tripla constituída por Martin Brundle, Emmanuel Collard e Vicenzo Sospiri e o terceiro para uma tripla totalmente japonesa, constituída por Ukyo Katayama, Toshio Suzuki e Keiichi Tsuchiya.

A edição de 1999 foi das mais atribuladas dos últimos 15 anos. Os Mercedes retiraram-se voluntariamente depois dos acidentes nos treinos e na corrida, primeiro com Mark Webber, e depois com Peter Dumbreck, e depois tornou-se num duelo entre BMW, Audi e Toyota. Os japoneses, andaram primeiro a par dos Mercedes, e depois com o BMW. Mas os carros japoneses tinham problemas com o desgaste dos pneus: pelas onze e meia, o carro numero 1, então guiado por Martin Brundle, tem um furo a alta velocidade na reta Mulsanne, antes da primeira chicane, e acabou por desistir, devido aos estragos causados pelo furo na transmissão.

Com isso, o carro numero 2 tornou-se no perseguidor aos BMW, mas pelas duas da manhã, Thierry Boutsen sofre um furo a alta velocidade perto do simbolo da Dunlop, acabando com o carro fora de pista e com o simpático piloto belga a ser extraído com lesões nas costas. Aliás, este acidente precipitou o final da sua carreira no automobilismo.

Pela manhã, os BMW estavam na frente, mas o Toyota resistente, o da tripla japonesa, conseguia apanhar o carro alemão a olhos vistos. A uma hora do fim, Ukyo Katayama, outro ex-piloto de Formula 1, tinha menos de um minuto de diferença, e estava a apanhá-los, ao ritmo de quatro segundos por volta. Contudo, na zona das curvas Porsche, sofreu um furo, mas conseguiu controlar o carro o suficiente para o levar para as boxes. No final, ficaram com o segundo lugar, mas tinham perdido a sua grande chance de vitória. 


4 - Formula 1, 2002-09


Em oito temporadas na categoria máxima do automobilismo, e 140 Grandes Prémios, a Toyota ficou com a dúbia reputação de nunca ter ganho qualquer corrida, apesar dos investimentos anuais da ordem dos 500 milhões de euros e da construção de uma enorme sede em Colónia, na Alemanha, a sede da TTE. 

Durante esse tempo, a marca japonesa conseguiu três pole-positions, treze pódios e três voltas mais rápidas, e acolheu pilotos como Mika Salo, Alan McNish, Jarno Trulli, Ralf Schumacher, Cristiano Da Matta, Timo Glock e Kamui Kobayashi, entre outros, mas não alcançou nada, nem se ouviu o hino japonês, como construtora. 

Muitos apontam a cultura corporativista japonesa como uma boa razão para o seu insucesso, mas também os recursos humanos não ajudaram muito, contra equipas com espírito mais "garagista" ou mais experimentado nesta categoria, como a Ferrari, McLaren, Williams ou Red Bull, que demoraram menos tempo para lá chegarem. No final de 2009, e apesar de terem revelado um piloto como Kobayashi, aproveitaram a saída da Honda, no ano anterior, para fazer o mesmo, apostando na Endurance e a partir de 2017, o WRC, com o modelo Yaris.


5 - GP dos Estados Unidos, 2005


Se no parágrafo acima falei sobre a carreira da marca como um tudo, aqui falo de um exemplo de como fatores externos impediram de alcançar a tão desejada vitória para a marca. Como é sabido, a temporada de 2005 foi a melhor de todas para a Toyota, pois alcançou pódios com Jarno Trulli e Ralf Schumacher, no modelo TF105, desenhado por Mike Gascoyne.

No GP dos Estados Unidos, Trulli conseguiu algo que a Toyota também procurava, que era uma pole-position. O feito alcançado pelo piloto italiano, porém, tinha ficado ensombrado pelo acidente de Ralf Schumacher na dia anterior, que tinha embatido fortemente no muro da Curva 13, acabando por ser substituido pelo brasileiro Ricardo Zonta

O inquérito do acidente chegou à conclusão de que o grande culpado tinha sido os pneus, que não eram capazes de resistir às pressões centrifugas daquela curva, que não era nada mais, nada menos do que a Curva 1 do Brickyard. Apesar dos pedidos da Michelin para mandar um novo conjunto de pneus, mais resistente, negado pela FIA, estes não tiveram outro remédio senão de não participar na corrida, com as consequências que todos nós sabemos. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...