"Em 1972 nós tínhamos tido tantas retiradas que a Matra literalmente acabou [o seu stock] de motores de Formula 1. Quando fomos para o seu GP caseiro em Clermont, [tinhamos montado] um motor de Endurance no meu carro. Mas eu coloquei-o na pole e liderei até meia-distância. Então eu tive um furo. Demorou quase um minuto para mudar isso - tinhamos muitas de porcas da roda então - e voltei em oitavo. Eu não estava feliz".
A temporada de 1972 foi a segunda que Amon estava ao serviço da Matra. Concentrado na Endurance - queria vencer em Le Mans - a equipa estava reduzida a um piloto, apenas o neozelandês ao volante. O carro era veloz, mas tinha muitos problemas de fiabilidade, e até aquela corrida, tinha conseguido apenas dois sextos lugares no Mónaco e em Nivelles, palco do GP da Bélgica. Em Charade, palco do GP de França - o Nurburgring francês - Amon aproveitou bem o motor que veio da Endurance - e com o qual tinham ganho as 24 Horas de Le Mans - e fez uma pole-position convincente, com Dennis Hulme a seu lado e na segunda fila, o Ferrari de Jacky Ickx e o Tyrrell de Jackie Stewart.
Tudo estava desenhado para que ele vencesse. Contudo, as pedras pelo caminho estragaram a sua corrida. Algumas voltas antes, uma dessas pedras, vinda do Lotus de Emerson Fitipaldi, furara o visor de Helmut Marko, cegando-o do olho esquerdo e terminando com a sua carreira. Quando furou, trocou de pneus e partiu para uma exibição de "faca nos dentes".
O recorde de pista caia a cada passagem pela meta - numa exibição retratada nesta foto de Bernard Cahier - e que fazia lembrar a de Juan Manuel Fangio, 15 anos antes, no Nordschleife. Amon ganhava quatro segundos por volta a Emerson Fittipaldi e passava pilotos atrás de pilotos. Contudo, não foi o suficiente para a vitória. Foi apenas terceiro, atrás do vencedor, Jackie Stewart, e o brasileiro da Lotus, segundo classificado. Mas os franceses apreciaram o seu esforço e teve direito à sua volta de honra, ao lado de Stewart.
Mas isso teve consequências:
"Clermont foi um ponto de viragem. Acho que essa foi a última vez que eu guiei com a alma. A frustração tinha vindo a construir ao longo de vários anos e, embora não foi uma coisa consciente, que foi quando eu disse a mim mesmo: isso [a vitória] nunca vai acontecer. O patrão da Matra, Jean-Luc Lagardère, perguntou-me se eu achava que eles deveriam continuar com Formula 1. Eu disse, 'Se você ficar com esse motor, você estará sempre com dificuldades'. Foi o fim da aventura da Matra."
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