E pronto, chegamos ao momento decisivo. Por muitos que digam que esta luta pelo título é aborrecida, pelo facto de ser decidida entre os pilotos de uma mesma equipa, não se pode dizer que teve um desfecho antecipado, bem pelo contrário. Aliás, desde o inicio do domínio dos Flechas de Prata, que somente em 2014 é que a luta pelo título foi resolvida na última corrida, com Lewis Hamilton a levar a melhor sobre Nico Rosberg porque o seu carro teve problemas.
Mas chegou ao fim o campeonato mais longo da História da Formula 1. Foram 21 corridas, nos quatro cantos do mundo, onde se viu o longo duelo entre o britânico e o alemão, e onde vimos os bons e maus momentos de ambos os pilotos, com momentos como o acidente que eliminou ambos os pilotos em Barcelona, ou o toque que prejudicou Nico Rosberg no Red Bull Ring, ou então - e esse foi o mais decisivo - o motor quebrado do piloto numero 44 no GP da Malásia, em Sepang. E também os momentos em que a Red Bull aproveitou estas raras falhas dos Flechas de Prata para ficar com o lugar mais alto do pódio, para gáudio de (alguns) fãs.
Havia expectativas sobre a partida para saber se algum dos pilotos iria ter uma má largada, beneficiando o outro piloto. No final, a largada foi normal: Hamilton largou bem, com Rosberg atrás, mas Max Verstapen, que queria aproveitar a partida para apanhar os Mercedes, perdeu o controlo do seu carro na segunda curva, vitima de um excesso seu. O holandês fez um pião e caiu para o fim do pelotão. E claro, quem beneficiou disto tudo foram os Ferrari, para além dos Mercedes.
Com os ultra-macios, os carros iriam ficar pouco tempo na pista. Lewis Hamilton entrou nas boxes na oitava volta, ao mesmo tempo que entrava Raikkonen. Nico Rosberg entrou nas boxes na volta seguinte, para trocar para macios. E quando voltou À pista, ficou atrás de Max Verstappen, ficando com o terceiro posto, o necessário para... ser campeão.
Nas voltas seguintes, Nico não arriscou apanhar Max, esperando que Hamilton não se distanciasse muito do resto do pelotão. De facto, ele não se afastou muito, mas o holandês fez com que o resto do pelotão se aproximava um pouco para que Rosberg sentisse a pressão. Mas isso não acrescentou mais nada de especial à emoção da corrida. Atrás, haviam algumas retiradas, uma delas importante: Jenson Button, que sofrera uma quebra de suspensão e retirava-se nas boxes. Era a ultima corrida do inglês, quase 17 anos depois da primeira, na Williams.
Na volta 19, Ricciardo tentou a sua sorte, passando Raikkonen, mas a tentativa fracassou, e Vettel quase ia aproveitando e ficar com o lugar do australiano. Mas não conseguiu, e tudo ficou um pouco na mesma. E na volta seguinte, Nico Rosberg tentou a sua sorte sobre Max Verstappen e conseguiu ficar com o segundo posto, mesmo quando logo a seguir o holandês tentou responder. Max foi às boxes na volta 22, para meter pneus moles, para aquilo que poderia ser a sua única paragem.
E tudo isto acontecia quando o sol desaparecia no horizonte.
Na volta 25, Ricciardo pára nas boxes para trocar de pneumáticos. Não mudava de compostos - tirou moles para colocar moles - mas de uma certa forma, não iria parar mais até ao final. Atrás, Max Verstappen tinha de esperar que alguns dos pilotos parassem nas boxes para poderem subir. Mas por vezes podia passar, como por exemplo fez com Sergio Perez, da Force India, quando queria passar ao sexto posto. Ao mesmo tempo, Daniel Ricciardo conseguiu colocar o seu carro atrás de Kimi Raikkonen, quando o finlandês colocou um novo jogo de pneus.
Na frente, tudo calmo, tudo organizado: Hamilton liderava, Rosberg era segundo. O alemão, nesta altura, era o campeão.
Na volta 28, Hamilton regressa às boxes para um novo jogo de pneus, e Rosberg iria parar na volta seguinte, tudo isto para tentar ficar na frente de Max Verstappen. As paragens correram como planeado e ambos os pilotos mantiveram as suas posições. Parecia que todos esperavam que Sebastian Vettel fizesse o seu trabalho e parasse nas boxes, mas... o alemão da Ferrari ficava na pista, fazendo com que os pneus aguentassem mais do que o previsto. Hamilton foi atrás de Vettel, para o apanhar, e Rosberg fez o mesmo, mas não foi necessário passar, pois na volta 38, o alemão foi às boxes e fazer a sua troca de pneus.
Vettel caiu para quinto, mas em poucas voltas, passou Kimi e foi atrás dos Red Bull. Ele apanhou Ricciardo na volta 47, para ficar com o quarto lugar, e depois foi atrás de Max, para ver se conseguia alcançar um lugar no pódio. Ao mesmo tempo que Vettel alcançava o holandês, os Mercedes decidiram jogar o jogo do iô-iô, com Rosberg a chegar-se a Hamilton, com o inglês a tentar afastar-se.
E depois de passar Verstappen, Vettel decidiu atacar os Mercedes para conseguir mais do que o terceiro posto e interferir entre os Flecha de Prata. Mas apesar das tentativas, não teve tempo para o fazer. Hamilton atravessou a meta como vencedor, mas com Nico Rosberg com o segundo posto, o alemão conseguiu o título mundial. Vinte anos depois de Damon Hill, Nico Rosberg tornou-se no segundo filho de campeão a ser campeão.
Abu Dhabi entrou em festa e o Mundial aplaudiu o novo campeão. Lewis Hamilton, relutante, cumprimentou o seu companheiro de equipa, e o filho de Keke até abraçou Bernie Ecclestone, que o viu à sua frente. A Mercedes festejou o campeonato, embora muitos não tenham gostado da atitude de Hamilton, que acham ser muito fria. Mas independentemente dos gestos, o campeonato do mundo de 2016 terminou na última corrida, e na última volta, com uma tensão mais alta do que se poderia esperar de um campeonato dominante.
A noite caiu, os festejos continuaram, o campeonato de 2016 passou à História. Agora vem o inverno, e novos elementos aparecerão na próxima temporada, onde (quase) tudo começa de novo.
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