Apesar de não haver informação oficial - deverá acontecer nas próximas horas - pode-se dizer com segurança que a Volkswagen irá abandonar o Mundial de Ralis no final do ano. A noticia caiu que nem uma bomba, porque havia garantias de que poderiam continuar nos ralis até 2019, mas na realidade, já se falava dessa possibilidade desde setembro, altura em que a imprensa alemã dizia que o Grupo VAG iria fazer uma revisão total dos seus programas desportivos, na sequência do "Dieselgate", revelado em 2015.
Pensava-se que a retirada da Audi do WEC, para se concentrar na Formula E, seria o suficiente, mas pelos vistos... não chegou. A Volkswagen decidiu, depois de quatro campeonatos de ralis ganhos, ir embora do WRC, com efeito imediato. E se pensam que os chassis de 2017 poderão ir para privados, é altamente provável que não aconteça, pois essa não é a politica da marca. Sendo assim, os carros novos vão diretos... para o museu.
Resta saber o que farão Sebastien Ogier, Jari-Matti Latvala e Anders Mikkelsen. É certo que carros não deixarão de ter. Mikkelsen já tem experiência em montar as suas próprias equipas, tendo uma boa máquina nas suas mãos, e Ogier será sempre um bem do qual todos desejariam ter - Citroen, Ford, Hyundai e Toyota - e a mesma coisa teria o finlandês.
A Volkswagen vai-nos privar de um duelo que teria sido épico em 2017 com os Citroen, com Toyota e Hyundai à espreita e Ford a concentrar-se em construir carros para clientes, nos R5. Ver Ogier a lutar pelo título mundial com Kris Meeke, que teria por fim a sua chance de lutar (e alcançar) um título que já pertenceu a Colin McRae e Richard Burns, é algo do qual poderemos não ver. Porque é provável que Ogier vá para a Citroen - sendo francês, claro - e Meeke irá ser secundarizado por alguém que tem quatro títulos mundiais, mas ainda está no seu auge.
Esta tarde, o José Luis Abreu, da Autosport portuguesa, escrevia sobre o fim da marca alemã no WRC, e havia uma passagem que vale a pesa colocar por aqui, e que representa a frustração de muitos daqueles que adoram os ralis, e o que poderia ser um mundial de 2017, um épico digno dos Grupo B, trinta anos antes.
"Há uma coisa que é de lamentar. Vi o VW Polo WRC 2017 a testar em Arganil e em muitos anos de WRC nunca vi um carro a andar tanto nos ralis, e nem sequer era Ogier, Latvala ou Mikkelsen a pilotá-lo. Era o ‘velhinho’ Marcus Gronholm. Por isso tenho pena que aquele carro não vá nunca competir no WRC. Aqui há uns meses vi um carro do grupo, o Audi 002 Quattro dar umas ‘voltas’ no Eifel Rallye, se calhar daqui a 30 anos poderemos ver o Polo WRC 2017 a fazer o mesmo…"
Para quem não sabe, o Audi 002 Quattro era o carro que a marca estava a desenvolver para o Grupo S que deveria ter acontecido em 1987, se a FIA não tivesse abolido o Grupo B no ano anterior, depois dos acidentes na Serra de Sintra e na Corsega, e optado pelos Grupo A. Muitos dos projetos desse tempo foram cancelados e os protótipos acabaram mo museu.
E essa vai ser a minha maior frustração, apesar do Mundial de Ralis não ficar ferido de morte - bem pelo contrário, poderá até haver maior equilíbrio, dado o domínio da marca alemã até aqui. Ver milhões de euros serem investidos num carro para depois acabar num museu, a acumular pó e depois vê-lo a andar em provas de exibição, dentro de vinte anos, num Rally Legend da vida, talvez com Kris Meeke ou Thierry Neuville ao volante (oh, supremas ironias!) é um insulto aos engenheiros que o desenvolveram, os mecânicos que perderam noites e trabalhar nele e os pilotos que deram tudo para o afinar e ser competitivo em relação à concorrência. E por causa de uma caga** que os manda-chuvas fizeram, ao aldrabar as emissões poluentes nos seus carros a Diesel e irem pagar multas bilionárias, tem de cortar em programas desportivos para evitar ir à falência ou algo assim.
É por isso que começo a perder o respeito pelas marcas, preferindo ver os "garagistas" nos seus lugares. Ao menos, trabalham só naquilo e não estão preocupados em vender carros à segunda feira. Mas isso... sou eu.
É por isso que começo a perder o respeito pelas marcas, preferindo ver os "garagistas" nos seus lugares. Ao menos, trabalham só naquilo e não estão preocupados em vender carros à segunda feira. Mas isso... sou eu.
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