A noticia da retirada de Nico Rosberg é o relâmpago que iluminou um dia limpo na paisagem, se quisermos colocar isto de uma forma metafórica. Mas de uma certa maneira, agora faz algum sentido. Esta tarde, o Luis Fernando Ramos, vulgo o Ico, contou no Twitter que no domingo, em Abu Dhabi tinha visto o piloto mentalmente exausto com tudo o que tinha acontecido.
De uma certa forma, faz sentido. Acabamos de ver o campeonato mais longo de sempre, com 21 corridas. Esses vinte e um fins de semana longe da familia, de mulher e filhos, desgastam qualquer um porque, se formos ver bem, é quase metade do ano. Aliás, curiosamente, o próprio Ico tinha anunciado que iria deixar de seguir a Formula 1 circuito a circuito, como fazia antes. Portanto... se isto é desgastante para profissionais da comunicação social, porque é que seria diferente para os pilotos, mecânicos, funcionários e dirigentes?
E ainda por cima, o campeonato foi desgastante dentro da Mercedes. As pressões de Lewis Hamilton para que lhe dessem estatuto de primeiro piloto - hoje surgiu uma noticia dizendo que o inglês ameaçou abandonar a equipa após o incidente do GP de Espanha, em Barcelona - podem ter feito com que o ambiente ficasse pouco respirável. Nico, que é mais uma pessoa de familia do que um "politico", poderá ter aguentado as pressões e concentrado em ser o melhor piloto possível e conseguir o seu campeonato. E a partir dali, sentia-se desobrigado a continuar ali, já que o seu grande objetivo tinha sido alcançado.
E agora? Claro, a Mercedes não tem pressa. Todos querem aquele lugar, mesmo que tenham contratos. Essa abertura poderia ter acontecido em 2018, mas esta antecipação pode ter baralhado tudo. Se a marca quiser alguém "da casa", irá colocar Pascal Wehrlein, dando a chance de Hamilton ser tetracampeão, havendo ali uma hierarquia semelhante ao que houve entre Michael Schumacher e Rubens Barrichello, nos tempos da Ferrari. Mas quase dez anos antes, falou-se o mesmo de Lewis Hamilton quando se estreou na McLaren, e ele conseguiu bater o pé a Fernando Alonso...
Essa é a opinião mais lógica.
Mas há outros pilotos que querem o lugar, que tem talento, que são campeões, mas que neste momento estão um pouco longe da ribalta por causa dos seus carros. Fernando Alonso e Sebastian Vettel são os candidatos mais óbvios. O espanhol de 35 anos "vegeta" na McLaren, onde não conseguiu qualquer pódio desde o seu regresso, em 2015. Os motores Honda não são aquilo que ele esperava (o famoso "GP2 engine" em Suzuka foi o melhor exemplo disso...) e tenta melhorar as coisas antes de tentar a sua sorte noutra equipa... ou noutra competição. Ele já anda desde há algum tempo a namorar a Endurance, por exemplo.
No caso do alemão da Ferrari, a situação poderá... piorar. Desde 2015 na Scuderia, o piloto alemão venceu três provas nessa temporada, mas esta temporada, as coisas não correram lá muito bem. Sem vitórias e batidos pelos Red Bull, depois de terem começado a temporada à frente deles, as coisas poderão piorar em 2017 após a saída de James Allison, o diretor técnico. Há quem preveja que a Ferrari esteja numa espiral descendente em termos de performance, dizendo que o novo chassis, com as novas regras, possa ser pior do que o deste ano.
Se ambos tiverem poder para rasgar os seus contratos e tentarem a sua sorte na Mercedes, não seria descabido. Mas eu creio mais na chance Wehrlein, que apesar de ter 22 anos, foi campeão da DTM em 2014 - o mais novo de sempre, diga-se - e claro, é piloto de testes da Mercedes.
Mas claro, a Mercedes não tem pressa. E ainda não sabemos que mais surpresas poderão vir aí. Ouvem-se umas coisas aqui e ali, sabem? Quanto a Nico, que goze o primeiro dia do resto da sua vida, com a sua mulher e garotos. Os que tem e os que virão.
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