Jean Todt sabe que o automobilismo tem de estar conforme os desejos da sociedade, e tem de dar o exemplo para evitar que seja acusado de anacronismo. Numa entrevista feita à revista da FIA, Todt disse que os motores híbridos são o melhor exemplo daquilo que deve ser mostrado à sociedade, e que os apelos e as reclamações sobre o barulho dos motores é sinal de anacronismo, algo do qual tem de ser evitado a qualquer custo.
"Não seria aceite pela sociedade", começou por dizer Todt. "Temos a responsabilidade de administrar uma organização monitorizada pela sociedade global e esta não aceitará isso. Na verdade, tenho certeza que se você dissesse, 'vamos voltar aos motores de há 10 anos', muitos fabricantes não iriam apoiar tal movimento. Estou convencido de que três em cada quatro [construtores] iriam sair", continuou.
"Além disso, sabemos que a estabilidade [nos regulamentos] é essencial - em primeiro lugar, para ter tanta concorrência quanto possível, e depois para proteger o investimento. Você não pode investir em novas tecnologias a cada ano, porque não é financeiramente sustentável, e já queixam-se sobre o custo das corridas e o próprio custo da Fórmula 1 - que para mim já é absurdo", concluiu.
Numa altura em que a FIA aceita novas competições para experimentar novas tecnologias, como a Formula E, a Eletric GT e a Roborace, Todt acha que num futuro próximo, outras tecnologias serão usadas em competições, como por exemplo, o hidrogénio.
"Estou convencido de que o hidrogénio será uma tecnologia usada no futuro", afirmou Todt. "Talvez dentro de cinco anos, o carro zero nos ralis seja um carro sem piloto, acho que o desporto automóvel está a mudar, vai continuar a mudar, mas temos de garantir que mantenhamos os melhores ingredientes juntos", continuou.
"Mais uma vez, essa é uma de nossas responsabilidades - decidir não o que faremos no próximo ano, mas o que a Fórmula 1 deveria ser em 2021 ou em 2030 - o que deverão ser os ralis, que corridas de endurance deveriam ser. O coração do automobilismo ainda estará lá, mas tem que levar em conta a evolução da sociedade", concluiu.
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