A presença de Fernando Alonso no Indianápolis Motor Speedway causou impacto. Todos viram até que ponto é que a presença do piloto espanhol fez com que milhares vissem as sessões de treinos livres na página da Indy Car Series no Youtube e Facebook, e a Europa vai estar ainda mais atenta à sua performance, ainda mais logo depois do GP do Mónaco, a prova que deveria correr, mas no seu lugar, apareceu Jenson Button para o seu "one-off" deste ano, regressando do seu ano sabático.
Mas há quem ache que a presença de Alonso seria prejuducial. O colunista Gregg Doyel, do jornal Indianápolis Star, acha que tendo Fernando Alonso é ótimo para a publicidade - e visibilidade - da prova, ele não quer que ele vencesse a prova. Ele fala que Alonso seria "o homem errado" para vencer. Não só porque a concorrência vai fazer de tudo na pista para o bater - o que é normal - mas também é porque ele é "o tipo de fora", ou seja, o estranho ao pelotão da IndyCar Series que chegaria ali à prova mais importante - e mais rica do ano - e chegaria ao lugar mais alto do pódio, bebendo o leite e tendo o seu busto no Borg-Warner Trophy, aquele enorme troféu que nós conhecemos.
Mas também há outra coisa que ele fala e poucos ficam atentos. Ele conta que certo dia, durante as conferências de imprensa, Graham Rahal sentou-se ao lado do catalão Oriol Serviá, e quando os jornalistas faziam perguntas a Serviá sobre Fernando Alonso, Rahal interrompeu-os e perguntou: "Ele não é o único piloto que vai correr aqui, pois não?". De facto, ter Alonso ali trouxe muita atenção à corrida, mas do número extra de jornalistas que andam por ali, a esmagadora maioria só tem o piloto da McLaren em vista. E sobre isso, os outros pilotos não gostam muito. Logo, se o baterem, seria ótimo para as suas carreiras e mostrar que não são uns meros secundários, que vieram ali fazer parte da paisagem.
E claro, Rahal (filho de Bobby Rahal, vencedor das 500 Milhas em 1986), até é dos mais simpáticos acerca dele. "Espero que apareça mais vezes por cá. E claro, seria fantástico batê-lo", afirmou.
E claro, para o bem da IndyCar, ele espera que não vença. Por um lado, é o ego dos pilotos - imaginem quantos não vão dizer para eles mesmos "Batemos Fernando Alonso"? E por outro, se ele vencesse, não voltaria mais, porque já tinha feito a parte que necessitava para tentar completar a famosa "Tripla Coroa do Automobilismo", ou seja, ganhar o GP do Mónaco (ou o Mundial de Formula 1), as 500 Milhas e as 24 horas de Le Mans. E como Alonso vai largar do quinto lugar no domingo, as suas possibilidades de vitória aumentaram exponencialmente.
E a Historia ajuda os pilotos que vieram da Formula 1 para correr ali. Jim Clark venceu em 1965 e andou sempre muito bem nos outros anos em que participou. Foi segundo classificado em 1963, pole em 1964 e outra vez segundo em 1966, atrás de Graham Hill, que foi o vencedor. Aliás, o próprio Hill ganhou ali... no seu ano de estreia, que não o prejudicou nas suas participações no GP do Mónaco, onde venceu por cinco vezes, como é sabido. E outros pilotos com experiência de categorias de acesso europeias, ainda antes de chegarem à Formula 1, deram-se muito bem quase à primeira: Jacques Villeneuve foi o "rookie do ano" em 1994, quando foi segundo, e no ano seguinte, ele venceu. No ano 2000, Juan Pablo Montoya chegou lá com o carro da Chip Ganassi... e venceu. E nem falamos de Alexander Rossi, que foi o mais recente "rookie" a vencer, depois de meio ano a correr na Formula 1, ao serviço da Manor, e algumas temporadas na GP2, onde foi vice-campeão em 2015.
E mesmo os americanos que foram correr à Europa, na categoria máxima do automobilismo, deram-se bem no "Brickyard": em 1985, dois anos depois de ter corrido na Tyrrell, Danny Sullivan venceu as 500 Milhas depois de ter feito um espectacular pião a meio da corrida. E em 1998, quase uma década depois de ter corrido pela última vez na Formula 1, Eddie Cheever inscreveu o seu nome na lista de vencedores.
Em suma, Fernando Alonso é o nome do qual todos falam. Mas que todos querem bater, e sobretudo, não o ver no lugar mais alto do pódio.
Emerson Fittipaldi?
ResponderEliminarEmerson foi anos depois da sua aventura na Formula 1. E quando ganhou, em 1989, ele já andava ali há pelo menos cinco temporadas. Não foi à primeira.
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