Um amigo meu contou-me por estes dias que a temporada de 1982 não merece um filme, mas sim uma série que se calhar passaria numa Netflix qualquer da vida. É verdade que ando a falar sobre ela na minha página no Drivetribe, a rede social criada pelos "três estarolas" do The Grand Tour, e a cada episódio que conto, reparo nisso: podemos contar a história dessa temporada nessa forma.
Este imagem aconteceu nos instantes depois de Riccardo Paletti ter batido na traseira de Didier Pironi no inicio do GP do Canadá de 1982. Muita coisa se vê ali: a fragilidade dos carros - o Osella era feito de aluminio - o facto do piloto estar tão à frente no carro o faz vulnerável a esse tipo de embates, e depois, quando o incandescente dos escapes o faz com que este fique vulnerável a uma quebra no depósito de combustível, que claro, verteu para fora e causou um incêndio. Momentos depois dessa foto, foi o que aconteceu.
Mas... não sei se dá para metermos na mente de Pironi nesses dias, mas ele passava por um paradoxo. Estava a lutar pelo título mundial - não estava longe da liderança - mas tinha causado o incidente que levou, depois, ao acidente mortal do seu companheiro de equipa, e agora, envolveu-se noutro acidente que causou outra vitima mortal. Não foi culpado desta vez - do outro, a sua culpabilidade será, talvez, moral - mas parecia que ele estava a trair tudo que era mau. E para piorar as coisas, na frente doméstica, o seu casamento se desfazia. Parecia que todo esse azar só seria compensado com um título mundial. Mas ainda faltava muito... e ele poderia nem saber que ele poderia ser a próxima vítima de um campeonato tão atípico... e tão maldito.
Para finalizar: o automobilismo é um bom lugar onde se podem captar boas imagens que caracterizam "mementos mori", por causa da sua periculosidade. Esta é uma delas.
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