Um dos grandes momentos do GP da Bélgica foi uma briga entre dois pilotos. E não foram uns quaisquer, falamos de uma briga entre dos pilotos da mesma equipa. Sergio Perez e Esteban Ocon são pilotos competitivos mais ou menos da mesma idade (Perez tem 26, Ocon vinte) e lutam pela posição como se lutassem contra outro piloto. Como é sabido, ambos os pilotos tocaram-se por duas vezes: a primeira, nos primeiros metros da corrida, quando ambos faziam a Eau Rouge, e Perez "entalou" Ocon contra o muro, sem grandes consequências.
Contudo, da segunda vez, mais ou menos no mesmo lugar, houve consequências mais pertinentes: o mexicano sofreu um furo e acabou nas boxes (e fez entrar o Safety Car para tirar os destroços que ficaram espalhados pela pista), enquanto que o francês ficou sem bico e teve de ir às boxes para trocá-lo, mas isso não o impediu de chegar ao fim no nono posto, conseguindo mais dois pontos para ele e para a equipa.
Claro, as faíscas voaram depois da prova. Ambos os pilotos trocaram de razões, e Ocon chegou a dizer nas redes sociais que "Perez tentou matar-me duas vezes", afirmando que a partir daquele momento, não falava mais com ele. Depois, o francês lá se acalmou, mas os estragos estão feitos.
Claro, as faíscas voaram depois da prova. Ambos os pilotos trocaram de razões, e Ocon chegou a dizer nas redes sociais que "Perez tentou matar-me duas vezes", afirmando que a partir daquele momento, não falava mais com ele. Depois, o francês lá se acalmou, mas os estragos estão feitos.
Toda esta confusão fez com que o diretor da Force India, Otmar Szafnauer, tenha feito um aviso muito sério quer a Sergio Perez, quer a Esteban Ocon, admitindo a possibilidade de os suspender por uma corrida: “Se acontecer outra vez vamos ter de resolver isto. Vamos começar a pensar sobre quem vai guiar o carro”, comentou.
E Vijay Mallya reforçou a posição do diretor da sua equipa: “A repetição de incidentes entre os nossos carros está agora a ser um assunto preocupante. Nestas circunstâncias não temos outra escolha senão adotar uma política de ordens de equipa, no interesse da segurança e para proteger a posição da equipa no Campeonato de Construtores”.
Com o passar do dia de segunda-feira, os pilotos conversaram acerca dos incidentes e chegaram à conclusão de que que muitas das coisas que foram ditas após a corrida foram “calor da ação e tendo em conta a situação perigosa", disse Ocon.
Depois, continuou:
“Quero seguir em frente. Somos uma equipa e admiro o facto do meu companheiro de equipa se ter desculpado. Queremos trabalhar melhor em conjunto. Estou empenhado no sucesso da Force India e estou tão confiante quanto a equipa que o que se passou não nos vai deixar para trás e há ainda muitos êxitos para conseguirmos juntos. Vai ser um desafio manter esta quarta posição [no campeonato de Construtores] e ninguém nos desviará deste objetivo”.
A mesma coisa fez Sergio Perez na sua página oficial do Facebook, onde fez um video, explicando a sua versão dos acontecimentos e responsabilizando-se por qualquer incidente que tenha acontecido... com Nico Hulkenberg. Porque quando foi com Ocon, afirmou que ele, tendo a linha de corrida para ambos (ou seja, estava na frente), ele tinha a vantagem.
Ao fim e ao cabo, falamos de dois pilotos que querem o melhor, isso ninguém contesta. O que se contesta é a agressividade que ambos os pilotos têm na pista. E de uma certa forma, é a consequência daquilo que o Ayrton Senna disse na famosa entrevista a Jackie Stewart no fim de semana do GP da Austrália de 1990, onde disse a famosa frase "se não aproveitas a abertura, deixas de ser piloto de Formula 1". Como Senna virou deus, e tudo aquilo que disse virou "mantra", no final do dia, é isso que fazem, sem ter noção de que as coisas podem acabar mal. Ainda por cima, naquele lugar em Spa-Fracochamps, imediatamente antes de Eau Rouge e Radillon, onde os pilotos, quando saem de pista, saem à grande e... à belga! Mas tem consequências potencialmente graves.
E é nesta altura que pensamos se aquela equipa não será pequena demais para ambos os pilotos. Imagino uma coisa dessas numa Mercedes ou Ferrari, e os rios de tinta que seriam escritos entre ambos os pilotos. Eu, que vivi na infância e adolescência os eventos entre Alain Prost e Ayrton Senna na McLaren, lembro-me perfeitamente desses rios de tinta que foram escritos sobre eles, e como uns tomaram partido por este e aquele piloto. E também o ódio a Jean-Marie Balestre quando puxou pela sua costela francesa, protegendo Prost.
Mas neste caso, o ideal seria provavelmente cada um seguir o seu caminho, pois discipliná-los não parece ser a melhor politica. Continuarão a disputar pos posições como se não existisse mais o amanhã, ainda por cima numa equipa que este ano pontuou (quase) sempre, levando-a ao quarto lugar do campeonato de construtores, amealhando preciosos milhões para sustentar a equipa, que pareece fazer muito com... pouco.
Em suma: se a Force India ficar com os dois, eles tem de ser muito bem educados para se respeitarem em pista. Caso contrário, já sabem que veremos mais episódios envolvendo estes dois.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...