Para além disso, havia as pré-qualificações: com 30 carros a participar nas duas sessões de treinos, os restantes teriam de participar nessa sessão que durante uma hora, na sexta-feira de manhã, iria decidir quais eram os quatro pilotos que fariam o resto do fim de semana, deixando os restantes de fora.
E havia uma enorme variedade de motores: V8, V10 e V12, preparados de modo diferente. Havia os Ford Cosworth oficiais e os preparados pelo suíço Heini Mader, entre outros, os Judd, o V10 da Renault e os V12 da Lamborghini, entre outros. Todos sabiam que da Benetton para baixo, todos poderiam ter uma chance de brilhar. Não foi por acaso que entre muitas não-qualificações, a Onyx conseguiu seis pontos e a Rial, a segunda equipa de Gunther Schmidt, conseguiu três, em Phoenix, graças a Christian Danner.
Contudo, quatro anos depois, as pré-qualificações acabaram. No inicio de 1993, apenas teríamos 12 equipas no pelotão da Formula 1. Naquele tempo, vimos desaparecer a Rial, Onyx, March/Leyton House, EuroBrun, Brabham, AGS, Zakspeed, Coloni e Osella, entre outros. Vimos aparecer e desaparecer desgraças como a Life e a Andrea Moda, e a Modena-Lambo foi uma tentativa com um ano de idade, com motores V12 Lamborghini.
Aquele período de tempo ficou imprimido na memória de muitos quase como um mito, do qual muito se escreveu - e se escreve - sobre ele, como se fossem "os bons tempos". Esse, para mim, é um problema. É uma psique perigosa, que envenena a discussão que temos sobre o atual estado da Formula 1. Quando vejo demasiadas pessoas que se agarram ao passado dizendo que "aqueles foram os bons tempos", fico arrepiado só de pensar nisso, porque passa uma ideia simplista do qual só mostra muita da ignorância que têm sobre o automobilismo, sobre a tecnologia e sobretudo, sobre que caminho deve ter a Formula 1 no futuro.
Quando leio tudo isso nas redes sociais, faz-me lembrar Archie Bunker. Quem se lembra da série dos anos 70 "Uma Família às Direitas" (ou Tudo em Familia), lembra-se de um velho casmurro que não se adaptada aos novos tempos. Era misógono, chauvinista, machista e claro, achava que tudo o que estava a acontecer naqueles tempos era porque tinha havido um declínio cultural e nos costumes, e que "no seu tempo é que era bom". E quando leio as pessoas dizendo que "os V12 é que eram bons", ou que a atualidade é "F1 Nutella" ou que criticam os botões no volante, o barulho dos motores, entre outras coisas - a lista é longa, com sabem - lembro-me sempre que as criticas dessas pessoas podem não servir para melhorar o espectáculo. Os "Archie Bunkers" existem em todo o lado, e fazem mais mal do que bem.
E esses "Archies" gravaram nas suas memórias um periodo de tempo, um tempo que acharam que era o ideal, do qual deveriam voltar, como se fosse um "loop". Falei sobre isso no domingo e não modifico o meu pensamento sobre ele, do qual seleciono esta frase:
"E da mesma maneira como o ser humano tenta voltar a esse Éden que provavelmente nunca existiu, embarcando em utopias perigosas, com consequências catastróficas, sempre achei que "voltar para trás" é uma ideia perigosa. Esses Edens morreram, paz às suas almas, deve-se seguir em frente".
Agora, porquê todos estes "Archies"? Já havia no passado, como todos sabem, mas agora agradeçam às redes sociais pelos os do presente. Foram eles que deram voz a todos nós, e como há os que defendem o futuro e acreditam nele, há os que querem que voltemos atrás, para um tempo que acham que era tudo bom, tudo fantástico. Muitas dessas pessoas eram crianças ou adolescentes quando aconteceram, e agora que são mais velhos e não entendem o que se passa, ou não se adaptaram, pretendem o regresso porque acham que é isso que resolverá todos os problemas da Formula 1. A realidade é que... não resolverão.
Não se pode dizer a eles para que fiquem a ver os videos dos seus tempos favoritos na Internet, mas o que se pode dizer é que, caso queiram fazer as coisas bem feitas, é não ceder a uma tentação populista. O automobilismo não pode abdicar de algumas coisas, e duas delas são a segurança e a tecnologia. Muitos desses "archies", o que querem é ver a tenda do circo a arder. São aqueles que secretamente querem ver pilotos a morrerem a arder dentro dos seus carros, para poderem fazer deles mártires de uma causa que só eles é que entenderão, não querendo saber o que o mundo pensa. E como dizia o Jô Soares, "é aí que mora o perigo".
Apesar de tudo, não defendo um corte com o passado. Houve coisas desse tempo que eram boas, e devem-se aproveitar. Mas há outras que, hoje em dia, seriam impraticáveis porque a tecnologia evoluiu, por exemplo. A durabilidade dos motores, hoje em dia, eliminaria totalmente a sua diversidade porque um dos segredos da sua variedade era porque um determinado tipo de motores eram mais frágeis do que outros. Os V8 da Ford eram duráveis, enquanto que os V12 da Ferrari e da Lamborghini não. E é isso que muitos não querem ver, porque não entendem que aqueles momentos que cristalizaram nas suas cabeças são isso mesmo: momentos. Que não voltam mais. E a Historia provou que sempre que existe um equilíbrio qualquer, a longo prazo, ele desaparecerá.
E esses "Archies" gravaram nas suas memórias um periodo de tempo, um tempo que acharam que era o ideal, do qual deveriam voltar, como se fosse um "loop". Falei sobre isso no domingo e não modifico o meu pensamento sobre ele, do qual seleciono esta frase:
"E da mesma maneira como o ser humano tenta voltar a esse Éden que provavelmente nunca existiu, embarcando em utopias perigosas, com consequências catastróficas, sempre achei que "voltar para trás" é uma ideia perigosa. Esses Edens morreram, paz às suas almas, deve-se seguir em frente".
Agora, porquê todos estes "Archies"? Já havia no passado, como todos sabem, mas agora agradeçam às redes sociais pelos os do presente. Foram eles que deram voz a todos nós, e como há os que defendem o futuro e acreditam nele, há os que querem que voltemos atrás, para um tempo que acham que era tudo bom, tudo fantástico. Muitas dessas pessoas eram crianças ou adolescentes quando aconteceram, e agora que são mais velhos e não entendem o que se passa, ou não se adaptaram, pretendem o regresso porque acham que é isso que resolverá todos os problemas da Formula 1. A realidade é que... não resolverão.
Não se pode dizer a eles para que fiquem a ver os videos dos seus tempos favoritos na Internet, mas o que se pode dizer é que, caso queiram fazer as coisas bem feitas, é não ceder a uma tentação populista. O automobilismo não pode abdicar de algumas coisas, e duas delas são a segurança e a tecnologia. Muitos desses "archies", o que querem é ver a tenda do circo a arder. São aqueles que secretamente querem ver pilotos a morrerem a arder dentro dos seus carros, para poderem fazer deles mártires de uma causa que só eles é que entenderão, não querendo saber o que o mundo pensa. E como dizia o Jô Soares, "é aí que mora o perigo".
Apesar de tudo, não defendo um corte com o passado. Houve coisas desse tempo que eram boas, e devem-se aproveitar. Mas há outras que, hoje em dia, seriam impraticáveis porque a tecnologia evoluiu, por exemplo. A durabilidade dos motores, hoje em dia, eliminaria totalmente a sua diversidade porque um dos segredos da sua variedade era porque um determinado tipo de motores eram mais frágeis do que outros. Os V8 da Ford eram duráveis, enquanto que os V12 da Ferrari e da Lamborghini não. E é isso que muitos não querem ver, porque não entendem que aqueles momentos que cristalizaram nas suas cabeças são isso mesmo: momentos. Que não voltam mais. E a Historia provou que sempre que existe um equilíbrio qualquer, a longo prazo, ele desaparecerá.
Certamente a tecnologia esta ai para andar nesses carros.. tenho saudades daqueles tempos em relaçao a essas equipes.. como era otimo ver um grid multicolorido com 26 carros e so os 6 primeiros marcarem pontos.. acho que isso pode ser feito, mas com uma equivalencia entre os 26 e nao só entre quatro cinco carros..
ResponderEliminarPerfeito!
ResponderEliminarCaro Diogo:
ResponderEliminarDe uma certa forma, 1989 não volta mais. Porque primeiro, montar uma equipa é difícil e caro. Não vai haver mais aventureiros a entraram por ali, porque a FIA não deixa. Segundo: não estou a ver que haja um "Balance of Performance" porque as equipas não querem. Agora há o Grupo de Estratégia, que faz "lobbying" para evitar uma espécie de equilíbrio artificial. E os fãs, de uma certa forma, não gostam muito disso.
Mas sei perfeitamente que os fãs são uma espécie muito estranha. Poucos são os que entendem como funcionam os motores, o porquê termos um número limitado deles, ou de caixas de velocidades (cambios). De uma certa forma, pensam que tudo isto acontece por magia, quando sabemos que não é assim.