domingo, 17 de setembro de 2017

Formula 1 2017 - Ronda 14, Singapura (Corrida)

Quando começarmos a escrever a história do campeonato do mundo de 2017, todos vão olhar para Singapura e dizer que "foi ali que o campeonato foi decidido". Como aconteceu em Suzuka, em 1990, acabou por ser um incidente na partida que decidiu tudo, mas a diferença foi que o grande beneficiário não foi um dos afetados, mas o que ficou para trás na grelha e escapou a tudo isto.

Lewis Hamilton assistiu de camarote e pode ter recebido - à parte a sua 60ª vitória - à melhor prenda que poderiam dar na sua carreira, quando viu os Ferrari e o Red Bull de Max Verstappen a serem eliminados nos primeiros metros. E como no ano passado, Hamilton viu o motor do seu carro explodir na Malásia e o título caiu nas mãos de Nico Rosberg, este ano, o caminho para o tetracampeonato para o piloto inglês está mais do que aberto ao ver a concorrência ser eliminada. Numa corrida onde tinham tudo para perder, acabou com 25 pontos e uma distância que dificilmente será apagada, se não tiver problemas.

Já se sabia desde o inicio que este seria um lugar onde a Ferrari poderia responder à Mercedes devido à capacidade do seu chassis de andar bem em circuitos citadinos, de baixa velocidade e de piso mais irregular. O resultado de Sebastian Vettel no dia anterior demonstrou isso, mas o que também mostrou foi que a Red Bull estava também em forma, conseguindo andar a par dos carros vermelhos. Ainda por cima, Max Verstappen foi mais agressivo e não foi por muito que fora batido pelo tetracampeão do mundo, mostrando que, caso tenha tudo em forma no carro e esteja num dia inspirado, consegue mostrar estofo de campeão.

Assim sendo, parecia que tudo estava montado para que Vettel pudesse sair de Singapura como vencedor e provavelmente, voltar ao comando do campeonato. Pelo menos, no papel, porque a realidade acabou por ser bem diferente.

Primeiro que tudo, chovia na cidade no momento da partida. Sempre houve essa chance nos anos anteriores, por causa da sua latitude equatorial, mas este ano, esta apareceu alguns minutos mais tarde e a pista estava molhada na altura da partida. E de uma certa maneira, foi o inicio do fim. E nos metros seguintes, vimos o resto: Raikkonen largou bem da esquerda, tentando passar Max Verstappen, ao mesmo tempo que Sebastian Vettel virou para a esquerda para intimidar o holandês da Red Bull. Ele foi tanto para esse lado que levou um toque de Raikkonen, que por sua vez, tocou em Vettel, acabando ambos a virarem passageiros de carros descontrolados.  

No final da reta, ainda houve mais uma vitima: Fernando Alonso, que estava a fazer mais uma das suas fabulosas arrancadas e que estava na terceira posição com o seu McLaren à saída da primeira curva. O impacto foi tal que o carro saltou, mas ele continuou, com danos.

Vettel parecia que iria continuar, mas cinco curvas depois, via-se que tinha danos. Os fluidos hidráulicos estavam a sair do seu carro e não foi longe. Game Over para o alemão, e provavelmente, a corrida para o penta acabou ali. 

Safety Car na pista, e ele ficou por ali até à volta , quando a corrida recomeçou. Hamilton na frente, com Ricciardo atrás e Bottas a acompanhá-lo. Alonso continuava, mas os estragos eram enormes, o que dificultava a sua progressão. Só que a partir desse momento, colocou-se a dúvida sobre se iriam até às 61 voltas, porque a corrida está sempre no limite, naquela pista. É que é assim (e todos nós esquecemos disto), as corridas tem de ter determinada distância de 310 quilómetros (a excepção é o Mónaco), feitos em duas horas. E basta um Safety Car para baralhar tudo.  

E na volta 13, Daniil Kvyat travou tarde na pista molhada e bateu no muro, fazendo com que o Safety Car voltasse ao asfalto. Pela segunda vez, ele andava por ali, e a partir daquele momento, havia a certeza de que os pilotos não iriam fazer as 61 voltas nas duas horas indicadas.

O segundo recomeço aconteceu na volta 15, com Hamilton a manter-se no comando com os intermédios. Ricciardo vai atrás, e as coisas estavam calmas nas voltas seguintes, com o australiano atrás em 4,2 segundos, esperando que a chuva fosse embora. Quando começaram os avisos de que a chuva se foi embora, o problema era a evaporação: é que a elevada humidade o impedia de secar a pista (neste caso, a rua) de modo veloz. E era por causa disso que ainda não tinham decidido quando é que iriam mudar para slicks. Na volta 22, Pascal Wehrlein foi o primeiro a meter pneus, mas ele estava no fundo do pelotão com o seu Sauber.

Somente quatro voltas depois é que vimos o meio do pelotão a meter para slicks: Magnussen, para a Haas e Massa, para a Williams. E só nesta altura é que Hamilton começou a fazer tempos abaixo dos dois minutos, ainda com os intermédios. As apostas nos slicks eram ousadas, mas ainda faltava saber se iriam ser eficazes. Demorou um bocadinho, mas começava a ser eficaz a partir da volta 28.

Aos poucos, o pelotão ia para as boxes: na volta 28, foram Vandoorne, Sainz Jr, Ocon e Grosjean. Ou seja, já compensava. A na volta seguinte, Ricciardo também parava nas boxes, com Bottas logo atrás. Hulkenberg e Perez também iam trocar de pneus, e o australiano parecia que iria voar. Hamilton decidiu parar na volta 30, seguido por Palmer, que nesta altura... era segundo. E por esta altura, Felipe Massa já fazia tempos a rondar o 1.57 e Vandoorne fazia a volta mais rápida em 1.54. Logo, estes eram os pneus ideais.

A partir daqui, a grande luta era entre Jolyon Palmer e Stoffel Vandoorne. Uma equipa nas ruas da amargura, mas com um piloto bom, contra um piloto que queria mostrar que não estava acabado para a Formula 1. Entretanto, um pouco mais à frente, Sergio Perez assediava Sainz Jr para o quinto posto, com o mexicano a tentar passar o filho do bicampeão do mundo, mas tinha de o fazer sem pisar nas armadilhas das poças de água que ainda existiam por ali...

Na frente, Ricciardo não conseguia apanhar Hamilton, com o inglês a conseguir um avanço de oito segundos na volta 34, e parecia que as coisas iriam ser assim até que Marcus Ericsson bateu uma parte apertada da pista, na volta 38, causando a terceira entrada do Safety Car. 

Quando a corrida recomeçou, já tinham começado a fazer a contagem decrescente para as duas horas. Hamilton foi-se embora de Ricciardo, com Bottas no terceiro posto, com Sainz a aguentar as pressões de Perez e dos Renault. Mas nas voltas seguintes, Hamilton perdeu tempo - provavelmente por causa de um erro - fez com que o australiano se tenha aproximado. Mas depois, Hamilton voltou ao seu ritmo e foi adiante até chegar à meta como vencedor, depois do cronómetro chegar a zero, com Ricciardo a chegar aflito dos seus travões.

Atrás, os sobreviventes: Sainz era quarto, a sua melhor posição do campeonato e da sua carreira, na frente de Sergio Perez e de Jolyon Palmer, nos seus primeiros pontos do ano, e atrás, ficou Stoffel Vandoorne. Lance Stroll foi o oitavo, Romain Grosjean e Esteban Ocon fechavam os pontos.

Se no ano passado, o motor em chamas de Lewis Hamilton em Sepang decidiu o campeonato, este ano foi uma carambola na primeira curva de Singapura que decidiu tudo. Com o Mercedes a ser bom em mais algumas pistas, é altamente provável que, caso não haja azares nas Flechas de Prata, este campeonato já terá dono pois sem querer, Hamilton tem mão e meio no troféu. Resta saber onde é que ele será coroado tetracampeão, pois pelos cálculos atuais, acontecerá em Interlagos.

1 comentário:

  1. Como sempre bom relato Paulão. Melhor ainda o post que lembra dos outros incidentes envolvendo a primeira fila.
    Por outro lado. ... Não sei velho, mas achou que é muito pronto para acreditar que tudo acabou.
    Tem muita coisa ainda para acontecer neste campeonato. Raikkoñen vai ter que fazer de tripas coração para se meter entre Betto e Luisão. As RedBurro pode também que comencem a incidir mais.
    No que respeita com o comeranho holandés, vou ser troglodita. Acabou a carreira dele. Na Ferrada nem fudendo, nos tempos de Ayrton se podía ser un vulcaõ sinho, más agora a F1 é cheia de mimimi e tem muito piloto diferenciado.
    Nem lembro onde foi que já li, mas a informação que tenho é que de Brawn tinha pasado o recado para a RBR que aconselharem o Verstappen a não incidir no resultado do Campeonato.
    Estava chovendo, já tinha sido superado pelo Kimi e a linha do lider da carreira era mais que definida, de fato Raikko tería que recolher para poder trazar a curva e o propio RBR podería fazer o X. mas o mocoso não arregazou e a meus olhos foi quem provocou toda a merda.
    O Grupo Liberty vai perder muito dinheiro com o Campeonato se definindo tempranamente. O MaxMerda debe pagar a conta.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...