Adrian Newey é um dos maiores projetistas do seu tempo. Desenhou carros icónicos na Formula 1 que vão desde o Williams FW14, de 1991, até ao McLaren MP4-12, de 1998, passando pelos Red Bull campeões do mundo, entre 2010 e 2013. Agora algo retirado da competição, mas ainda a desenhar os carros da equipa de Milton Keynes, Newey decidiu publicar um livro sobre as suas criações. De seu nome "How To Build a Car", fala sobre todas as suas criações desde meados dos anos 80, tendo começado em 1981 com a Fittipaldi.
Contudo, o mais interessante é ele dar as suas visões sobre o acidente que matou Ayrton Senna em 1994, e sobre a sua criação, o FW16. Ali ele fala das suas responsabilidades sobre o acidente, de que não acredita que foi uma falha da suspensão a causa dela, e critica o julgamento, afirmando que o procurador encarregado do caso estava mais em busca de prestigio pessoal do que estar à procura das verdadeiras causas dos acidentes daquele fim de semana.
Primeiro que tudo, descreve os arranjos feitos na coluna da suspensão - a pedido do próprio Senna - como "duas más peças de engenharia" do qual "ele e Patrick Head foram responsáveis". Conta que depois do acidente, fizeram testes e apesar de alguns sinais de fadiga, não eram susceptíveis de quebra.
Contudo, assume as suas responsabilidades: "Independentemente da coluna da direção ter causado o acidente, era uma péssima peça de design do qual nunca deveria ter entrado dentro daquele carro."
Para ele, a sua responsabilidade no mau design do FW16 tem mais a ver com o aerodinamismo do carro, que ficou estragado com a alteração dos regulamentos, que aboliram coisas como a suspensão ativa, e que tornaram aquele carro nervoso.
"O que eu sinto a maior culpa, porém, não é a possibilidade de que a falha da coluna de direção possa ter causado o acidente - porque eu não acho que foi assim - mas o fato de eu ter estragado a aerodinâmica do carro. Eu estraguei na transição da suspensão ativa [em 1993] de volta ao passivo e projetei um carro aerodinamicamente instável, no qual Ayrton tentava fazer coisas que o carro não era capaz de fazer".
"Se ele teve ou não um furo, ele ter tomado linha mais rápida num asfalto ondulado, num carro que era aerodinamicamente instável, teria tornado o carro difícil de controlar, mesmo para [um piloto como] ele".
Newey criticou ainda o procurador encarregado do caso, Maurizio Passarini, afirmando que ele fez mais por glória pessoal do que para esclarecer o caso. "O fato de que, no caso de [Roland] Ratzenberger, este foi tão facilmente varrido debaixo do tapete deixou-me desconfiado de que a principal motivação de Passarini poderia ter sido a glória e notoriedade pessoais".
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