Bernd Rosemeyer a comemorar a vitória na Vanderbildt Cup de 1937, nos Estados Unidos. Hoje passam 80 anos sobre o seu desaparecimento, quando tentava bater o recorde de velocidade, num troço da Autobahn alemã, a bordo de uma Auto Union construída para o efeito.
Mercedes vs Auto Union. Era o grande duelo dos anos 30 no automobilismo, e eram imbatíveis. E desses pilotos de "Grand Prix", alguns destacavam-se... e nem todos eram alemães. Todos reconhecem em Tazio Nuvolari como um dos melhores pilotos desse tempo, e conseguiu guiar uma Auto Union, a máquina radical idealizada por Ferdinand Porsche.
Bernd Rosemeyer começou a correr no motociclismo, tal como Nuvolari, e isso lhe veio a ser útil quando Ferdinand Porsche precisava de encontrar alguém que conseguisse domar os mais de 500 cavalos que aquele motor tinha, e colocados... "de forma errada". Em 1934, Nuvolari corria pela Alfa Romeo e Rosemeyer tinha muito pouca experiência em guiar carros, o que até foi muito útil, pois assim não tinha o treino para andar com os carro com motor à frente.
A sua primeira grande vitória foi na Checoslováquia, em Brno, e no pódio, o troféu foi entregue por uma convidada de Ferdinand Porsche: a aviadora Elly Beinhorn, também famosa pelos seus feitos na aeronáutica. Ambos apaixonaram-se, e casaram a 13 de julho de 1936, numa cerimónia muito pública. No final desse ano, tornou-se campeão europeu, com vitórias em Nurburgring e em Monza.
A carreira de Rosemeyer no automobilismo, naqueles tempos, tinha de ser politica. Os nazis eram fascinados pelo automobilismo, Adolf Hitler adorava a velocidade - e aproveitou bem a politica das "autobahns" aprovada pelo regime de Weimar - e os seus pilotos tinham de ser membros do partido Nazi e do "Nationalsozialistisches Kraftfahrkorps", o NSKK. Os pilotos odiavam isso - era frequente Rudi Caracciola chocar com a hierarquia nazi - e Rosemeyer foi ordenado ser membro das SS por Heinrich Himmler, especialmente depois de ele se casar com a aviadora Elly Beinhorn. Ele também odiava isso, e fez de tudo para que nunca tivesse de usar a temida farda negra.
No final de janeiro de 1938, Auto Union e Mercedes estavam um troço da Autobahn para bater recordes de velocidade. Dois dias antes, a Mercedes colocou Rudolf Caracciola ao volante e colocou o recorde dos 428 km/hora. Rosemeyer melhorou, colocando-o nos 432 km/hora e estava a tentar melhorar quando foi para a estrada. Tinham sido avisados de que o vento estava a levantar-se, do aeroporto que estava ali perto, e na terceira tentativa, o acidente aconteceu, matando Rosemeyer quase de imediato, aos 28 anos de idade.
O seu funeral foi aproveitado para fins políticos. Os nazis fizeram o seu funeral bombástico, e o que não faltou foram braços estendidos e discursos que salientavam o sacrifício da pessoa no altar nacionalista. A viúva achou tudo isto um insulto tremendo e saiu do funeral a meio. Beinhorn viveu mais 70 anos - morreu em 2007, aos cem anos de idade - e teve tempo para ver a queda do regime nazi, a divisão da Alemanha e posterior reunificação, 40 anos depois, e a ascensão de outro piloto alemão ao altar dos grandes do automobilismo.
E no meio disto tudo, o mito de Rosemeyer não parou de crescer.
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