A paisagem pode ter sido bela - à beira do Oceano Pacifico - mas os concorrentes que andaram à volta de San Juan de Marconda, palco da quarta etapa, não tiveram mãos a medir por causa das dunas à volta daquela localidade peruana. E que deu cabo das mentes e dos corpos de muita gente, deste Dakar que está a ser bem duro para todos.
Nos automóveis, foi um grande dia para a Peugeot. Sebastien Loeb foi o grande vencedor, conseguindo uma vantagem de um minuto e 35 segundos sobre Carlos Sainz. Stephane Peterhansel foi o terceiro, a três minutos e 16 segundos para o seu companheiro de equipa. Mas nem tudo foram maravilhas para a Peugeot: Cyril Després acabou por abandonar a competição, fruto de um embate numa pedra que danificou gravemente a zona traseira direita do seu 3008 DKR Maxi.
No final, o nove vezes campeão do mundo de ralis estava contente: “Foi um dia divertido: uma especial longa com muitas dunas e uma partida diferente, lado-a-lado, na praia. O terreno era traiçoeiro, pelo que o mais importante era não ficar atolado e penso que alguns concorrentes perderam algum tempo com isso. Mas, felizmente, passamos bem por todo lado e acabámos por vencer. O mais incrível é a diferença ter sido de apenas um minuto, ou seja, andamos todos muito perto uns dos outros, sem grandes vantagens entre nós. Hoje seremos os primeiros na estrada e a navegação não vai ser fácil. Por isso, vai ser importante ter os nossos colegas de equipa por perto”, disse.
Nasser Al Attiyah teve alguns problemas, perdendo 54 minutos para Loeb, mas acabou no quarto lugar da etapa, ficando no mesmo posto em termos da geral, apesar de ter já perdido mais de uma hora para o líder. Outro que perdeu muito tempo foi Gininel de Villiers, que se atrasou em mais de uma hora, e provavelmente deve ter perdido todas as suas chances de vitória. “Mesmo assim, ainda sentimos que estamos na luta”, disse Attiyah: “Esta corrida está longe de terminar e continuaremos a insistir”, continuou o piloto qatari.
Quem teve um bom dia foi Carlos Sousa, que foi 13º na etapa, e com os atrasos e as desistências, subiu ao 15º posto da geral, mas a mais de duas horas dos líderes. Apesar de estar contente, Sousa diz que foi uma etapa muito dura.
“Este foi o dia mais duro desde que partimos de Lima. Uma especial muito dura e difícil, tal como aprecio. Com muitas dunas, com muito ‘fesh-fesh’ e algumas travessias de rios com muitas pedras. O Duster resistiu a tudo e o Pascal (Maimon) fez um excelente trabalho ao nível da navegação”, contou.
“Ao quilómetro 40 partiu-se o coletor de escape e, por causa disso, o motor perdeu alguma potência. Por estarmos no deserto, optámos por baixar ainda mais a pressão dos pneus e a opção revelou-se bastante acertada, pois ultrapassámos as dunas com uma extraordinária eficácia", concluiu.
Quem já desistiu desde Dakar foi o mediático André Villas-Boas, que caiu mal depois de uma passagem numa duna, acabando por ser evacuado para o hospital para avaliação médica.
Nas motos, o dia foi marcado pela desistência de Sam Sunderland, vitima de queda, e do dominio de Adrian van Beveren, que com a vitória, ascendeu ao primeiro posto da geral. Juan Barreda Bort aproveitou para recuperar algum fôlego, depois da etapa desastrosa do dia anterior. Aliás, foi "o dia da vingança" da Yamaha, depois do mau dia anterior. No terceiro posto ficou Matthias Walkner, que foi o melhor representante da KTM num dia duro para eles, por causa do abandono de Sunderland.
Na geral, Van Beveren assumiu o comando da corrida. O piloto da Yamaha tem agora um minuto e 55 segundos de vantagem sobre o chileno Pablo Quintanilla, piloto que tem vindo a fazer uma corrida discreta, mas que agora é segundo classificado e com potencial para vencer. Barreda Bort, ponta de lança da Honda, é apenas o 13º a 22 minutos do comando.
Esta quarta-feira, máquinas e pilotos preparam-se para fazer a etapa entre San Juan de Marconda e Arequipa, num total de 770 quilómetros, dos quais 264 são cronometrados.
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