No cenário do deserto árabe, parecia que a Ferrari tinha tudo para aproveitar muito bem os percalços da Mercedes, especialmente quando Lewis Hamilton tinha uma penalização de cinco lugares para cumprir. Tinham conseguido superar Valtteri Bottas na qualificação, e tudo indicava que naquela pista, eles teriam um conjunto bem melhor do que os Flechas de Prata. E a corrida indicava que as coisas iriam ser favoráveis a eles.
E a corrida ainda tem uma comemoração simbólica para eles: o seu piloto principal, Sebastian Vettel, iria fazer ali a sua corrida numero 200.
E explicava-se da seguinte forma: com a noite a cair, sabia-se que as expectativas para esta corrida pareciam não ser muitas. Com os pilotos a queixarem-se da falta de ultrapassagens na prova anterior, temia-se que a prova barenita fosse aborrecida nesse campo, a não ser que acontecesse algum problema mecânico ou alguma asneira por parte de pessoas externas, como aconteceu com os mecânicos da Haas na Austrália.
Contudo, antes da prova começar, soube-se que Lewis Hamilton iria largar com pneus soft, diferente dos restantes nove primeiros, que iriam competir com os "supersoft". Quem também andaria com o "soft" era Max Verstappen, que iria fazer para subir o mais que podia no pelotão.
A partida começou com Vettel na frente e Bottas a ficar com o segundo posto de Raikkonen. Atrás, Verstappen começou a subir lugares atrás de lugares até chegar a Hamilton, que tinha sido passado por Alonso. Contudo, no inicio da segunda volta, o holandês ultrapassava o inglês da Mercedes de forma musculada e tinha consequências: um furo tentava arrastava-se... ao mesmo tempo que Daniel Ricciardo desistia na curva 3. Virtual Safety Car na pista por três voltas, até que tudo voltasse ao normal.
Na volta 4, Magnussen passou Gasly "a dormir" e conseguiu passá-lo, atirando o piloto da Toro Rosso para o lado. Mas o piloto da Toro Rosso voltou ao lugar, ficando tudo como estava dantes. Mais ultrapassagens aconteciam nesses primeiros metros, e o beneficiado foi Lewis Hamiltom, que agora era sexto. Após isso, atacou o piloto da Haas, e ficou com o lugar, para depois atacar Gasly, que agora era quarto. E por esta altura, Verstappen também estava fora. Os Red Bull tinham uma noite para esquecer.
Hamilton era quarto no final da volta oito, depois de passar Gasly, mas por esta altura, ele tinha um atraso de 9,2 segundos, que teria de recuperar de alguma forma. E claro, esperava que os pneus ajudassem nesse campo. Atrás do francês, havia uma luta entre Magnussen, Hulkenberg e Alonso, para ver qual deles é que se daria melhor. Atrás, Brendon Hartley, que era décimo, era penalizado em dez segundos por causa de um incidente com Sérgio Perez no inicio da corrida.
Tudo correu bem nas trocas de pneus da Haas, desta vez, com a troca de Magnussen a acontecer na volta 12, a seguir veio Alonso às boxes, mostrando que não só queria reagir aos Haas, como também mostrava que iriam fazer duas paragens nas boxes durante a corrida.
Na volta 19 Vettel parava nas boxes para trocar de pneus, passando para softs, voltando à pista no quarto posto, atrás de Hamilton. Bottas liderava, mas ia para as boxes na volta 21, para responder aos Ferrari, pois Raikkonen também parara na volta anterior. Bottas continuava na frente de Raikkonen, e não se sabia até que ponto Hamilton iria beneficiar com este tipo de pneus.
Neste momento, a situação era esta: Ferrari apostava no ritmo de corrida, Mercedes na sua duração.
Na volta 25, Ericsson foi às boxes. Tinha de ser referido porque o piloto sueco tinha ido para a corrida de softs, suficiente para andar a certa altura no sexto posto, suficiente para causar chatices com Kevin Magnussen e Nico Hulkenberg, antes de ir às boxes. E isso era importante por causa do que acontecia à frente, especialmente no duelo Ferrari-Mercedes.
E nessa altura, Vettel estava a apanhar Hamilton. Na volta 26, no final da reta da meta, o alemão passou-o, avisando ao mundo que os seus pneus começavam a dar de si. O carro numero 5 ia-se embora, e o piloto do carro 44 entendeu a mensagem, tendo parado no final dessa volta. Nesta altura, faltavam 30 voltas para o final da prova.
A partir dali, os duelos na frente tinham acabado, pelo menos com os carros à vista. Raikkonen lá se aproximava de Bottas, mas na volta 36, voltavam a colocar pneus em pilotos. Raikkonen parou... e deu-se mal. Um dos mecânicos aleijou-se e o finlandês acabou a corrida ali, porque o pneus não ficou devidamente apertado. Um a zero para a Mercedes, pois Vettel estava sozinho contra os Flechas de Prata.
Agora, parecia que Vettel tinha um dilema: aumentava o ritmo ou mantinha os pneus até ao fim, esperando que aguentem até lá. Porque sem Raikkonen, os Mercedes arriscavam a sair dali com dobradinha. No rádio, falava-se que ele tinha de ir para um "plano D", e o alemão ficava na pista, com 8,2 segundos de vantagem sobre Bottas. A tensão acumulava-se, por causa da incerteza nas voltas finais. E a dez voltas do fim, a diferença entre os dois primeiros tinha caído para seis segundos.
E foi nessa altura que Bottas passou ao ataque. O finlandês aproximou-se de modo dramático, com Hamilton um pouco atrás. A cinco voltas do fim, a diferença tinha chegado aos 2,8 segundos. A tensão estava bem alta, a respiração estava contida até ao final, onde os ataques de Bottas não resultaram. E perante a bandeira de xadrez agitada por Gerhard Berger, Vettel vencia a segunda corrida do ano.
Atrás, algumas surpresas. Pierre Gasly fez uma corrida sólida e conseguiu um quarto posto com o seu Toro Rosso-Honda, na frente de Kavin Magnussen, o quinto, no seu Haas - um posto que merecia, depois do que aconteceu na Austrália - o Renault de Nico Hulkenberg, os McLaren de Fernando Alonso e Stoffel Vandoorne, o Sauber de Marcus Ericsson - pontuava pela primeira vez desde Itália 2015! - e Esteban Ocon, da Force India.
E assim, Vettel venceu com os pneus no limite, a sua corrida numero 200 da sua carreira, na frente de Bottas e Hamilton. Segunda vitória do ano, numa temporada onde não poderá errar, se quiser ser penta. E esta vai ser mais uma daquelas bem longa, bem complicada, e cheia de armadilhas pelo caminho. Semana que vêm, em Xangai, haverá mais.
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