Os restos do Porsche de Ludovico Scarfiotti, no seu acidente fatal. Há 50 anos, enquanto o pelotão da Formula 1 se preparava para disputar o GP da Bélgica, Scarfiotti estava em Berchtesgarten, na Alemanha, numa subida de montanha, a bordo de um Porsche 910, algo do qual se dava muito bem, pois tinha sido campeão europeu por duas vezes. Tanto que decidiu vir ali em vez de disputar a corrida belga ao serviço da Cooper, onde tinha corrido nas primeiras duas corridas na Europa, obtendo em ambas um quarto lugar.
As circunstâncias do seu acidente mortal são simples de explicar. Travou corte numa curva mas não foi suficiente para ficar em pista. O carro ficou partido em dois e ele foi projetado, sendo encontrado cerca de vinte metros do carro, ainda vivo, mas gravemente ferido. Acabaria por morrer a caminho do hospital. Tinha 34 anos de idade.
A carreira (e vida) de Scarfiotti foi bem mais eclética. Neto de um dos nove fundadores da Fiat, nasceu a 18 de outubro de 1933 em Turim, viveu com carros à sua volta. Coreeu especialmente na Endurance, sendo piloto da Scuderia desde 1962, ao lado de Lorenzo Bandini e John Surtees, entre outros. Em 1963, foi o vencedor das 12 Horas de Sebring, ao lado de Surtees, e das 24 Horas de Le Mans, al lado de Bandini. E foi nesse ano que se estreou na Formula 1, num Ferrari. O seu melhor resultado foi um sexto posto, em Zandvoort.
O grande dia de Scarfiotti foi em 1966, em Monza. Nessa corrida, a Scuderia meteu três carros para Bandini, Scarfiotti e o britânico Mike Parkes. Ele foi o segundo na grelha, batido apenas por Parkes, que tinha feito a única pole-position da sua carreira, e na corrida, dominou a prova até à bandeira de xadrez, ainda por cima um italiano, num carro italiano. Era a primeira vez desde 1951, e depois disso, não mais um italiano venceu em Monza, quer corra num carro italiano... ou não.
Quando Lorenzo Bandini morreu no Mónaco, em 1967, Scarfiotti abandonou a Ferrari, porque não queria ser o próximo a morrer. Viu ainda Mike Parkes acabar a sua carreira num acidente de Spa-Francochamps, ao ficar gravemente ferido. Pretendeu pendurar o capacete, mas não resistiu muito tempo à vida tranquila. Correu pela Porsche, Eagle e Cooper, pensando que iria ser mais seguro que a Ferrari. Mas não escapou ao destino. E foi o terceiro dos pilotos a morrer em 1968, uma vez por mês. E os pilotos continuavam com receio.
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