No verão de 1976, Chapman estava em Ibiza a passar férias. A sua equipa estava a ter um campeonato modesto. O modelo 72, em prova desde 1970, tinha chegado ao limite da sua vida útil no finalcde 1975, e o que deveria ser o seu sucessor, o modelo 76, com asa dupla e um sistema de embraiagem eletrónica, tinha-se estreado em meados de 1974 e foi um fracasso. O modelo 77, uma versão mais simples do 76, não era fantástico, apesar de alguns pódios por parte de Gunnar Nilsson, o sueco que sucedeu a Ronnie Peterson na equipa.
Frustrado com os dois modelos, decidiu aproveitar o tempo para escrever um memorando de 27 páginas sobre aerodinamica, nomeadamente a penetração do ar e o arrasto aerodinâmico. Depois de estudar o sistema de radiadores do De Haviland Mosquito, e a sua posição no avião, que causava sustentação no ar, pensou que, em caso de inversão, iria produzir "downforce". Conversando com o projetista Tony Rudd, este lembrou-lhe dos princípios de fluidez dinâmica, mais conhecido como o "Principio de Bernouli", onde existe um aumento da velocidade do ar, e em consequência, do atrito, quando este passa por baixo de uma determinada superfície. Numa só frase, o carro, nessas circunstâncias, poderia funcionar como uma asa invertida, que agarraria o carro na pista.
Rudd, que tentara fazer um carro desse tipo em 1969 na BRM, antes de ir para a Lotus, foi encarregado de projetar um carro usando esses principios. À equipa juntou-se Peter Wrightm que também trabalhara com Rudd na BRM, Martin Ogylvie e Ralph Bellamy, que tinha trabalhado na McLaren e Brabham, antes de ser substituído por Gordon Murray. Nos testes de vento, descobriu-se que, à medida que o carro ficar próximo do chão, o principio da asa invertida acontecia, mas quando colocaram uma solução provisória na forma de "saias aerodinâmicas", o carro agarrava ao solo como nunca. A equipa apresentou os resultados a Chapman, que decidiu projetar de imediato o que viria a ser o Lotus 78.
O modelo 79 começou a ser desenhado pelo mesmo grupo que desenhara o 78, com a excepção de Bellamy, que foi substituído por Geoff Aldridge. A suspensão traseira foi redesenhada, provocando menor arrasto aerodinâmico, e a frente foi mais afilada. As saias laterais eram de borracha, mais eficazes que as de plástico - abrasivas e aqueciam prematuramente - e o carro era construido em aluminio em forma de colmeia, com alguns elementos em fibra de carbono, como a asa traseira.
Nos primeiros testes do carro, no final de 1977, em Paul Ricard, o carro obtinha mais 30 por cento de arrasto do que o 78, o que causava fadiga prematura na estrutura do chassis. Não prevendo isso, Rudd decidiu reforçar a estrutura do carro em curva, e isso atrasou a sua entrada nas pistas, logo, a equipa continuou com o 78 no inicio da temporada de 1978. Sem problemas: Andretti venceu em Buenos Aires e Peterson em Kyalami.
O carro ficou pronto em Zolder, palco do GP da Bélgica. Era um carro "limpo", sem a entrada de ar lateral do 78, por exemplo, para dar a maior fluidez possível. Os fãs a e imprensa adoraram o carro, pela sua beleza, e ganhou logo na sua estreia: Andretti, com o carro novo, foi o vencedor, com Peterson, com o velho 78, no segundo lugar. E ao correr com ele, comparou o 78... a um ônibus londrino. E Peterson complementava os elogios, dizendo que a aderência ao solo era tal que só precisava de acelerar, frear e virar. (...)
Há 40 anos, Colin Chapman mostrava ao mundo o que foi provavelmente um dos modelos mais revolucionários do automobilismo. O Lotus 79 era o culminar de dois anos de trabalho, numa aposta na aerodinâmica, para vencer a concorrência. Nas mãos de Mário Andretti e Ronnie Peterson, rapidamente o carro se tornou dominador, dando o campeonato de pilotos ao italo-americano e o de construtores a Chapman.
Contudo, esse triunfo teve o seu lado de tragédia, especialmente em Monza, quando Peterson se envolveu numa carambola do qual resultaram em ferimentos fatais. E o sucesso foi de pouca dura: no inicio de 1979, o modelo tinha sido vítima do seu próprio sucesso, ultrapassado por outros carros como o Ligier JS11/15 ou o Williams FW07, para além do fracasso do "carro-asa", o Lotus 80.
Sobre esta maravilha da história da Lotus e da Formula 1 escrevo este mês no Nobres do Grid.
Há 40 anos, Colin Chapman mostrava ao mundo o que foi provavelmente um dos modelos mais revolucionários do automobilismo. O Lotus 79 era o culminar de dois anos de trabalho, numa aposta na aerodinâmica, para vencer a concorrência. Nas mãos de Mário Andretti e Ronnie Peterson, rapidamente o carro se tornou dominador, dando o campeonato de pilotos ao italo-americano e o de construtores a Chapman.
Contudo, esse triunfo teve o seu lado de tragédia, especialmente em Monza, quando Peterson se envolveu numa carambola do qual resultaram em ferimentos fatais. E o sucesso foi de pouca dura: no inicio de 1979, o modelo tinha sido vítima do seu próprio sucesso, ultrapassado por outros carros como o Ligier JS11/15 ou o Williams FW07, para além do fracasso do "carro-asa", o Lotus 80.
Sobre esta maravilha da história da Lotus e da Formula 1 escrevo este mês no Nobres do Grid.
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