Tudo começa dois minutos depois do acidente, ainda os carros estavam atrás do Safety Car. Toca o telefone na minha casa, e era de uma pessoa que colaborava comigo num site que não existe mais. E a primeira pergunta que me perguntou foi algo como "não achaste nada estranho?". Respondi que não. Depois prosseguiu: "não achaste estranho ver o Piquet a bater na parede no preciso momento em que o Alonso estava nas boxes a ser reabastecido? Eu achei estranho, não achas?"
Achei tudo muito estranho, mas do lado dele. Detesto teorias da conspiração, porque sempre acho que a maior parte dessas pessoas são estranhas, entre o paranóico e o iludido. Mas ouvi e fiquei com aquilo na cabeça até ao final da corrida, quando o espanhol - que tivera uma temporada modesta até então - conseguira a sua primeira vitória do ano. Iria conseguir outra, em Fuji, e acabaria o ano no quarto lugar da geral.
Falei das desconfianças de modo muito ligeiro no dia seguinte, e a mesma coisa li no Ico, no blog que tinha então. E claro, o "diz que disse", que andou por muitos, muitos meses, à boca cheia, e sem provas.
Depois, o dia em que Nelson Piquet Jr. foi despedido, depois do GP da Hungria, e no fim de semana do GP da Bélgica, o escândalo a rebentar e as consequências que conhecem. Briatore e Symunds expulsos da Formula 1 - Symmonds voltou, o italiano não - e de uma certa forma, Piquet Jr. também não voltou mais à Formula 1, com todas as portas a fecharem-se para sempre. E a Alonso, parecia ser de "teflon", onde dizia ao mundo que "não sabia de nada".
A Formula 1 sempre foi um sitio onde sempre houve coisas estranhas. Ordens de equipa, é verdade. Pessoas que montam equipas como esquema de lavagem de dinheiro, também. Mas resultados combinados, nunca. E de uma certa forma, os eventos de Singapura pareciam ser um novo baixo. Mas aconteceu.
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