Correr em Monza, naquele setembro de 1978, tinha um significado especial para Mário Andretti. Ele, que tinha emigrado para os Estados Unidos aos 15 anos de idade e adoptara mais tarde a naturalidade americana, nunca tinha esquecido as suas raízes, e o local onde começou a ver - e apaixonar-se pelas corridas. 33 anos antes, no mesmo circuito, tinha visto uma corrida de Formula 1 pela primeira vez, e visto o seu ídolo das corridas, Alberto Ascari, correr por lá. Agora, depois daqueles anos todos, ver Monza como palco do seu título mundial, que tanto sonhou e lutou para alcançá-lo, era algo do qual nunca tinha imaginado nos seus sonhos mais loucos.
“Em 1954, vim com o meu irmão Aldo ver o Grand Prix. Éramos crianças, fomos sozinhos, e jamais dissemos ao nosso pai que tínhamos ido, pois achava que o automobilismo era um desporto pouco honroso. Lembro de ter visto o meu herói Ascari e de pensar o que eu não daria para estar ali sentado num carro de corrida, fazendo parte de uma equipa de Formula 1”. Catorze anos depois, ele tinha a chance única de ser coroado campeão do Mundo… pela sua nação adoptiva.
E bastava pelo menos um ponto para conseguir esse feito. Tinha tudo a seu favor, porque o maior rival para esse título mundial... era o seu companheiro de equipa, o sueco Ronnie Peterson. A diferença entre amos era de doze pontos, a três provas do fim, e ambos tinham feito dobradinha na última corrida, no circuito holandês de Zandvoort, a bordo dos seus Lotus 79. O austríaco Niki Lauda, o terceiro no seu Brabham, já tinha 28 pontos de atraso. (...)
(...) Entretanto, a organização [do GP de Itália], em conjunto com a FISA, decidiu estrear o sistema de partida electrónico, onde os pilotos largarão num sistema de semáforo, accionado pelo director de corrida, Gianni Restelli. No sistema, espera-se que eles partirão depois de todos os carros estiverem parados na grelha de partida, após uma volta de aquecimento.
Na hora da corrida, os carros fizeram esse procedimento, com Andretti na frente de Villeneuve, de Jabouille, de Lauda... correndo devagar ao longo da pista de Monza, até chegaram à linha de meta. Os carros começam a parar, uma linha atrás da outra... até que se acende o verde. Só que foi um procedimento inadvertido, pois apenas os oito primeiros estavam parados na grelha.
Com 26 carros qualificados, quando estes chegaram à primeira chicane, onde a pista se encurtava quase para metade, estes iriam estar uns ao lado dos outros, e o desastre iria ser inevitável. Peterson, que tinha partido lentamente, perdia lugares devido ao seu carro pesado, e de repente, leva um toque do McLaren de James Hunt, que por sua vez, tinha sido tocado pelo Arrows de Riccardo Paterse. Guinando para a direita, bate de frente contra os “rails” de protecção, explodindo numa bola de fogo.
“Tentei puxar o Ronnie, mas estava preso entre o volante e o que restava do chassis. Fumo e labaredas envolveram de novo o caro, mas os bombeiros apagaram-nas. Com a ajuda do Clay [Regazzoni], conseguimos arrancar o volante e eu agarrei o Ronnie por debaixo dos braços e tirei-o do carro. Vi logo que as suas pernas estavam em muito mau estado porque nada restava da frente do carro.”, contou James Hunt, no dia a seguir ao acidente. De facto, foram eles que tiraram o sueco dos escombros.
O resto era uma carnificina. Nessa carambola fica, para além de Peterson, Hunt e Patrese, os Tyrrell de Didier Pironi e Patrick Depailler, o Ferrari de Carlos Reutemann, o McLaren privado de Brett Lunger, o Ensign de Derek Daly, os Shadow de Regazzoni e Hans Stuck, que levara com um pneu na cabeça. Mas em pior estado estava o Surtees de Vittorio Brambilla, que também levara com um pneu na cabeça e estava inconsciente. (...)
A 10 de setembro de 1978, máquinas e pilotos prepararam-se para o GP da Itália, antepenultima prova do Mundial de Formula 1 desse ano. Era uma prova de consagração para a Lotus, e Mário Andretti está muito perto de se sagrar campeão do mundo, como tinha sido o seu sonho desde a primeira e que viu uma prova de Formula 1 no mesmo local em 1954, com o seu irmão Aldo.
O resto era uma carnificina. Nessa carambola fica, para além de Peterson, Hunt e Patrese, os Tyrrell de Didier Pironi e Patrick Depailler, o Ferrari de Carlos Reutemann, o McLaren privado de Brett Lunger, o Ensign de Derek Daly, os Shadow de Regazzoni e Hans Stuck, que levara com um pneu na cabeça. Mas em pior estado estava o Surtees de Vittorio Brambilla, que também levara com um pneu na cabeça e estava inconsciente. (...)
A 10 de setembro de 1978, máquinas e pilotos prepararam-se para o GP da Itália, antepenultima prova do Mundial de Formula 1 desse ano. Era uma prova de consagração para a Lotus, e Mário Andretti está muito perto de se sagrar campeão do mundo, como tinha sido o seu sonho desde a primeira e que viu uma prova de Formula 1 no mesmo local em 1954, com o seu irmão Aldo.
Contudo, a corrida, que deveria ser de consagração ao italo-americano, e da máquina criada por Colin Chapman, o Lotus 79, acabou por ser uma catástrofe e também terminou com uma tragédia, com a morte do seu companheiro de equipa, o sueco Ronnie Peterson.
Sem querer apontar culpados, este é o relato detalhado de um fim de semana em que tudo parecia correr bem, mas acabou por correr mal.
Tudo isto e muito mais podem ler este mês no Nobres do Grid.
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