O médico e professor Robert Hubbard morreu ontem à noite no Michigan, aos 80 anos de idade. E quem era ele? Nada mais, nada menos, que um dos inventores do HANS, o dispositivo que os pilotos usam para proteger a cabeça e pescoço de embates fortes que possam causar fraturas basais do crânio, muitas das vezes fatais.
Professor de ciência e mecânica de materiais na Michigan State University, Dr. Robert Hubbard tinha trabalhado nos anos 70 do século passado na General Motors, ajudando na construção de "crash test dummies" para poder medir a dinâmica dos corpos em situações de colisão. Foi graças a essa pesquisa que completou o seu doutoramento em propriedades mecânicas.
Contudo, o motivo para que se começasse a pesquisar por um dispositivo como o HANS aconteceu em 1981, devido a um acidente trágico. Durante a prova de Mid-Ohio, da IMSA, Patrick Jacquemart, que guiava um Renault 5 GT Turbo, sofreu um forte impacto contra o muro, que causou a sua morte, vítima de uma fratura basal no crânio. Jacquemart era amigo de Jim Downing, que por sua vez era cunhado de Hubbard, e juntos começaram a discutir um método de fazer manter o crânio no seu lugar em situações como esta, onde as forças centrifugas são bem superiores aos que o corpo suporta.
O trabalho deu os seus frutos em 1985, quando foi criado o primeiro dispositivo para segurar a cabeça e o pescoço (HANS, na sua legenda inglesa), e no ano seguinte, Downing foi o primeiro a usá-lo. Apesar das resistências iniciais por parte da comunidade automobilística, foi o trabalho feito com engenheiros acadêmicos da Universidade Wayne State, em Detroit, ajudaram Hubbard a compilar trabalhos de pesquisa que demonstraram formalmente o valor do HANS.
O primeiro exemplar foi vendido em 1991 e marcas como a General Motors e a Ford ajudaram no seu desenvolvimento.
Quem também começou a se interessar pelo dispositivo foi o Dr. Syd Watkins, que após os acidentes de Imola, em 1994, soube que este dispositivo poderia ajudar imenso na segurança dos pilotos. As primeira experiências aconteceram em 1995, mas foi apenas em 2002 que a FIA aprovou o dispositivo, para entrar em vigor na temporada seguinte. Já nessa altura, a CART e a NASCAR também usavam, mas não de forma obrigatória. Apenas quando Dale Earnhardt morreu, nas 500 Milhas de Daytona de 2001, e se descobriu que o seu ferimento fatal tinha a ver com uma fratura na base do crânio, fez com que o HANS se tornasse obrigatório em todas as disciplinas do automobilismo, quer na América, quer no resto do mundo.
Hoje em dia, as resistências já dissiparam há muito, e todos reconhecem a importância de um dispositivo destes na diminuição dos acidentes graves e mortais no automobilismo. E esse trabalho de pioneiros como o Dr. Robert Hubbard merece ser recordado. Ars lunga, vita brevis.
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