Como já disse ontem, o inverno foi longo. Houve muito trabalho para que os carros estivessem em forma para ver se conseguiam superar uns aos outros numas eterna competição para alcançar o topo, e do qual todos pretendem lá ficar o máximo de tempo possível. Logo, quando se assistiu ao domínio dos Flechas de Prata na qualificação de ontem, comecei a pensar que iria assistir à temporada de 2004, onde os Ferrari dominaram o campeonato e Michael Schumacher alcançou o seu sétimo campeonato muito antes do seu final.
Debaixo de um excelente sol de verão no hemisfério sul, máquinas e pilotos preparavam-se para a primeira corrida do ano, ainda a sentir os efeitos do choque do desaparecimento súbito de Charlie Whitting. No meio das fotos da praxe, uma placa a agradecer a ele pelos seus mais de 20 anos de contributos na Formula 1, mais 20 como mecânico da Brabham, sendo um dos "Bernie boys", ao lado de pessoal como Herbie Blash, por exemplo.
Depois de todas as formalidades, a corrida começou com Valtteri Bottas na frente, superando Hamilton, enquanto Sebastian Vettel ficara com o terceiro posto, segurando Max Verstappen e Charles Leclerc. Atrás, Daniel Ricciardo perdia a asa dianteira quando estava a andar na berma e arrastara-se para o fundo do pelotão. Quem também se arrastara fora Robert Kubica, que já perdia mais de um minuto logo na primeira passagem pela meta, também pelo mesmo problema: asa da frente arrancada.
As voltas seguintes, depois dos pilotos se assentarem nos seus ritmos de corrida, notara-se que iria começar a "procissão", graças às asas dianteiras de 2019, desenhadas pela FIA e que os impediam de se aproximar uns dos outros. E na décima passagem pela meta, o primeiro abandono: o McLaren de Carlos Sainz Jr. terminar prematuramente a sua tarde.
Duas voltas depois, a primeira paragem da corrida: Kimi Raikkonen, no seu Sauber-Alfa. A partir dali, uma grande quantidade de pilotos foram para as boxes trocar de pneus, para médios. Hamilton parou na volta 15, enquanto na passagem seguinte pela meta, o Haas de Romain Grosjean atrasou-se bastante porque, de novo, tiveram problemas com as pistolas para trocar de pneus. A seguir, foi a e de Vettel parar, trocando para médios e voltando à pista sem problemas.
Na volta 22, apenas os três primeiros é que tinham os moles, tentando extendê-los o mais possível. O grande duelo era entre Lando Norris e António Giovinazzi. O piloto da McLaren tentara, mas não conseguia. No meio disto tudo, Bottas foi à boxe na volta 23, e regressou à pista na frente de Hamilton, mostrando que parar mais tarde compensou. Sete voltas depois, para ser mais preciso. Max Verstappen foi as boxes na 26ª passagem pela meta, meteu médios e agora era quinto. E pela mesma altura, por fim, Norris passou o italiano da Sauber-Alfa.
Por fim, na 29ª passagem pela meta, Charles Leclerc foi às boxes, caindo para quinto, atrás de Seb e Max. Por esta altura, Hamilton não se aproximara de Bottas - era o contrário, mais de 10 segundos de diferença entre ambos e a aumentar. E o alemão da Ferrari era assediado pelo holandês da Red Bull. Na 32ª passagem pela meta, o holandês conseguiu passar o carro "rosso" para ser terceiro e começar a apanhar Hamilton. Na mesma altura, discretamente, Grosjean e Ricciardo abandonavam a corrida.
Na volta 36, Gasly foi o último a parar, mantendo os pneus moles e caindo para o 11º posto, depois de ser passado por Daniil Kvyat, que uma volta antes... tinha saído de pista ao tentar passar o Racing Point de Lance Stroll. Na frente, a diferença de Bottas para Hamilton era já de 20 segundos, com o holandês da Red Bull a aproximar-se.
O holandês aproximou-se e tentou atacar Hamilton. Mas a 10 voltas do fim... sai de pista no final da reta da meta, deixando respirar um pouco o britânico da Mercedes. Na frente, sem ser incomodado, Bottas queria a melhor volta, para ter 26 pontos no bolso. Mas o holandês da Red Bull queria apanhar Hamilton e ficou com o prémio. Atrás, Leclerc estaca mesmo atrás do seu companheiro de equipa, porque recebeu ordens nesse sentido. O alemão tinha problemas com o seu MGU-K, mas queriam que fosse quarto.
Mas no final, era Bottas o grande triunfador na Austrália. Batia um Hamilton demasiado discreto e um Verstappen que errara, para ser o primeiro líder do campeonato. Os Ferrari eram quarto e quinto, com Vettel na frente de Leclerc, e Magnussen a ser o melhor dos "outros", na frente do Renault de Hulkenberg, do Sauber de Raikkonen, do Racing Point de Stroll e do carro do regressado Daniil Kvyat.
Uma corrida morna, mas bem interessante de se assistir. Apesar da dobradinha, as proridades estão invertidas, e isso poderá significar algo diferente. E daquilo que a Red Bull já mostrou, a concorrência não está dominada. Mas temos mais 20 corridas para sabermos se tal acontecerá... ou será mais do mesmo, com os mesmo resultado.
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