Niki Lauda comemora com os mecânicos a sua primeira vitória de sempre, no céu nublado de Jarama, há precisamente 45 anos. Para além do seu triunfo, dava à Ferrari a sua primeira vitória desde Jacky Ickx, no GP da Alemanha de 1972. E também foi a primeira vitória com o seu novo diretor desportivo: um jovem, então com 27 anos, chamado Luca de Montezemolo.
Numa semana agitada num dos países vizinhos de Espanha, o resultado de Lauda foi o cume de uma aspiração que já vinha desde há muito. Lauda trilhou o seu caminho sem favores, e sem amigos. Era filho de banqueiros, mas a familia nunca lhe deu um tostão. E comprou o seu lugar em 1971, quando ele foi para a March e correu a sua primeira corrida na Austria. Dois anos depois, na BRM, conseguiu os seus primeiros pontos, mas ele tinha de novo comprado o lugar, e ele não era o primeiro piloto: Clay Regazzoni e Jean-Pierre Beltoise eram mais veteranos, mas não eram melhores. Mas não tinham comprado o lugar, como fizera Lauda.
Ele trabalhou. Muito. O dinheiro era emprestado. Chegou a pedir 50 mil dólares emprestados ao banco, e apostava tudo para que as equipas da frente o notassem. A sua atitude de "não ter nada a perder" apenas compensou em 1973, não por causa dos resultados, mas pelas suas corridas. No Mónaco, chegou a rolar no terceiro posto antes de abandonar. A mesma coisa em Silverstone, quando sobreviveu à carambola da volta dois e na segunda partida, foi segundo e aguentou o que podia nos pontos até ter tido problemas nas boxes. E a mesma coisa tinha acontecido no Canadá, quando chegou a liderar, a andar de forma imperial, antes de uma troca de pneus desastrosa e depois, uma pane elétrica quando tinha um quinto lugar garantido.
Mas muito antes, Enzo Ferrari o tinha visto. Muitos pensam que Lauda foi por causa das recomendações do Clay Regazzoni. É verdade, mas foi na primavera, e não no outono, no final da temporada. Por alturas do GP do Mónaco, logo após os primeiros pontos em Zolder, no GP da Bélgica, Ferrari falou com Lauda, e ele pediu o dinheiro que precisava para pagar as dívidas. Eles aceitaram e esse peso tinha sido retirado da sua cabeça.
Mas a segunda parte aconteceu depois do GP britânico, quando Ferrari contratou Montezemolo para reorganizar uma Ferrari de pantanas. Ele fez, primeiro, optando por abandonar a Endurance, e depois construir um chassis do qual Lauda ajudou a melhorar. E os resultados apareceram logo na Argentina, quando Lauda e Regazzoni foram ao pódio. E quatro meses depois, a vitória que para Lauda, serviu que tudo valesse a pena.
O resto, claro, é História.
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