Quarenta anos (menos um dia) separam estas imagens. São estes momentos que fazem a Formula 1 ser a Formula 1, ou se preferirem, são a essência do automobilismo. E uma das imagens dessa tarde foi um video do Giedo van der Garde, que mostrou a luta entre Max Verstappen e Charles Leclerc no pavilhão desportivo, algures na Holanda, cheio de fãs do Max, a vibrar com cada ultrapassagem. Não vês nada disto em mais lado nenhum
no mundo...
Mas esquecemo-nos que a FIA tinha decidido matar o espírito da corrida, o tal "let them race". Qualquer manobra de ultrapassagem tem de ter certas regras, e um toque de pneus é uma "linha vermelha", logo, quando Max fez isso, a manobra foi investigada pelos comissários. E claro, eles estavam num dilema, do qual ambos seriam criticados. Se punissem, era porque não queriam que os pilotos brigassem por posição, um pouco como disse Vettel no final: "isto não é uma corrida de crianças. Somos adultos, devem deixar-nos correr". Mas se deixassem passar, onde estaria a coerência que puniu Vettel em Montreal e Daniel Ricciardo em Paul Ricard? E não se pode falar em alterar decisões da corrida. O que foi que aconteceu em Montreal não definiu quem subiria ao lugar mais alto do pódio?
Depois de duas horas de indecisão, os comissários decidiram que não penalizariam Max. A Formula 1 venceu, é um facto, a sua face como competição foi salva, mas os comissários - e as regras - saíram prejudicadas. O "let them race" foi ressuscitado, claro, mas alguns dirão que a única coerência nisto tudo é que a FIA é anti-Ferrari.
Se na semana passada as pessoas diziam unanimemente que a Formula 1 estava pela hora da morte, os eventos desta tarde no Red Bull Ring mostram que a realidade é outra: é bipolar. E os espectadores querem ver lutas pelo primeiro posto, porque o melhor exemplo do que falo é, examente ao mesmo tempo que Max Verstappen passava Charles Leclerc, Sebastian Vettel pressionava e passava Lewis Hamilton, e depois acabou a corrida colado à traseira de Valtteri Bottas. Mas eles querem saber? Não muito. Nem lhes convêm aos que não são fãs do alemão...
E quanto aos eventos de Dijon, como ando a pensar sobre eles neste último mês, pergunto-me quantos segundos teriam sido penalizados, se poderiam correr na prova seguinte, se tirariam a Super-Licença, se, se, se... os tempos são outros, é verdade, mas a passagem das gerações não deveria ser a perda de uma noção de competição, não é?
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