terça-feira, 2 de julho de 2019

No Nobres do Grid deste mês...



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A Onyx foi fundada em 1978 graças a dois britânicos, Mike Earle e Gred Field. Earle tinha sido mecânico de David Purley ao longo da década de 70, especialmente na aventura dele com a sua própria equipa, a LEC Refrigerators. A parceria tinha como intenção participar na Formula 2 com chassis próprios, mas não deu. Em 1981, tinham dois carros March com o veneuelano Johnny Cecotto e o italiano Riccardo Paletti. Com este último conseguiram dois pódios, e cedo apareceram ambiçoes para correr na Formula 1 em 1983, com Paletti e o seu patrocinador, a Pioneer Itália - gerida pelo pai de Paletti. Contudo, este decidiu ir para a Formula 1 em 1982 e acabou por morrer na partida do GP do Canadá desse ano.

No entanto, não ficou parado: Earle foi aborado por Emilio de Villota para lhe ajudar a gerir a sua entrada privada na Formula 1, que durou cinco Grandes Prémios, mas não se qualificou em nenhum deles. Assim sendo, em 1983, voltou à Formula 2, com Field a vender a sua parte para Jo Chamberlain.

Nos anos seguintes, correm com chassis March quer na Formula 2, quer na sua sucessora, a Formula 3000. Ali, com pilotos como Emmanuele Pirro e Stefano Modena, venceram corridas e conseguiram lugares de honra, até que em 1987, Modena se torna campeão e vai para a Formula 1. Esperavam repetir o feito em 1988, com o alemão Wolker Weidler, mas foi uma enorme desilusão, ao ser apenas 15º na classificação geral.

Mas por esta altura, Earle e Chamberlain já tinham os olhos postos na Formula 1, com o seu próprio chassis e um bom motor Ford DFR, para fazerem boa figura. E bem precisavam: para 1989, estaam previstas 40 inscrições. Tantos carros forçaram a FISA fazer uma pré-qualificação com doze carros, meia grelha de partida. O chassis iria se chamar de ORE-1 e seria desenhado por Alan Jenkins, com um passado pela McLaren.

A meio de 1988, novo investidor: Paul Shakespeare compra a maioria as ações da equipa, mantendo Earle e Chamberlain e trazendo Martin Dickson como "manager". Quanto a pilotos, cedo se decidiram pelo sueco Stefan Johansson, que vinha da Ligier, e pelo belga Bertrand Gachot, que tinha consigo cerca de 2,8 milhões de dólares. Contudo, enquanto encontrava dinheiro para a sua aventura na Formula 1, Gachot cruou-se com um compatriota seu: Jean-Pierre Van Rossem. Formado em Economia pela universidade de Ghent, Van Rossem tinha enriquecido no sistema financeiro através de um sistema que ele mesmo tinha inventado, e que batizou de "Moneytron", que essencialmente seria uma aplicação financeira através de um supercomputador, que multiplicava os seus investimentos.

Van Rossem pegou no dinheiro de Gachot e multiplicou-o. Depois, ele disse sobre a Moneytron aos donos da Onyx e apresentou-os a Van Rossem, e pouco depois, ele levou o dinheiro que eles tinham para a sua firma, que também fez multiplicar. E pouco depois, as luzes da ribalta da Formula 1 encadeavam o belga, também conhecido pela sua excentricidade. E antes do final do ano, Van Rossem tinha comprado todas as ações da equipa, sendo o seu dono antes da temporada de 1989 começar.

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Há trinta anos, a Formula 1 vivia uma enorme expansão, com uma grelha que chegou a ter dezassete equipas e 40 carros. Logo, a FIA decidiu que tinha de haver uma pré-qualificação, e uma das equipas que a fez, para além da regressada Brabham, da Dallara, Zakspeed, AGS, Eurobrun e outros, foi a Onyx, um projeto com bases sólidas, bons engenheiros e um excelente projetista, mas tambem atraiu um financeiro que viu na Formula 1 uma maneira de se mostrar que estava bem na vida.

Infelizmente, não durou mais que uma temporada e meia, mas durante esse tempo conseguiu seis pontos, incluindo um pódio épico no GP de Portugal de 1989, graças a uma tática de não parar nas boxes durante a corrida, onde chegou bem longe na classificação.

Tudo isso eu conto este mês no site Nobres do Grid

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