É triste ver que tem de se perder algo para valorizar aquilo que a vida nos tem e que cada momento é precioso. Quem passou por uma situação desse tipo sabe disso. E não precisas de perder membros para sentir, o facto de estares na cama, ligado a aparelhos, com a tua vida por um fio e estares totalmente consciente disso deve bastar.
Foi num sábado que aconteceu o acidente de Alessandro Zanardi. O italiano estava em Lausitz, numa das poucas ovais existentes na Europa para mais uma etapa da CART, e aquele pelotão estava ali quando na terça-feira, dia 11, viu os eventos de Nova Iorque e Washington. Chocados, todos queriam demonstrar o seu patriotismo, o seu americanismo, naquele fim de semana, para mostrar solidariedade com todos os que sofreram. A mesma coisa acontecia cerca de mil quilómetros mais abaixo, em Monza, durante o GP de Itália de Formula 1.
Confesso que soltei um grito quando vi o acidente ao vivo. Pensei no Greg Moore, quase dois anos antes, e estava convencido que estava morto. Quem sobreviveria a um embate a aquela velocidade contra o carro do Alex Tagliani? Na realidade, apesar dos quase quatro litros de sangue que perdeu, conseguiu sobreviver no limite, e voltar a andar sobre andas. E acabou por competir noutras coisas, apesar do regresso aos automóveis, onde dentro de carros adaptados, mostra que quem sabe, não esquece.
E ainda tem tempo para inspirar outros, como o britânico Billy Monger, que lá está, na Formula 3, dando o seu melhor depois de ter perdido as suas pernas. De uma certa maneira, não ai ser uma coisa destas que irá derrubar o espírito de uma pessoa. Bem pelo contrário.
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