Por estes dias andava a ver o GP da Argentina de 1980, onde Alan Jones triunfou depois de lutar com Jacques Laffite, Nelson Piquet e sobretudo, Gilles Villeneuve. O piloto canadiano, que faria hoje 70 anos, teve uma prova de luta, despistando-se por duas vezes, antes de chegar ao terceiro posto, lutando com Jones por um lugar que poderia ter sido o da liderança, até se despistar na volta 36, quando a sua suspensão quebrou, de tanto stress causado pelos despistes anteriores e pelo estilo de condução agressiva do pequeno canadiano.
Falo desta corrida em particular - e também posso falar da seguinte, em Interlagos, onde ele liderou por uma volta depois de uma partida excepcional - porque a temporada de 1980 foi das piores da Scuderia em muito tempo. O T5 era um carro inferior, e em Maranello já se pensava na transição para os Turbo, do qual o canadiano deu alguma ajuda, ao vencer duas corridas o Mónaco e em Jarama.
Mas o que queria dizer neste dia era que, não interessava o carro que tinha em mãos, Gilles tirava o seu melhor nele. Muitas das vezes exagerava, outras metia-se em discussões inúteis que acabariam por deitar pontos fora, e muitos pensariam que ele, se tivesse sido mais pragmático, teria tido melhores resultados. Mas não foi isso que os fãs queriam. O desejo deles é determinação, garra, vontade de vencer. E isso, ele tinha. E claro, Enzo Ferrari disse que Villeneue lhe lembrava Tazio Nuvolari. Que chegou a correr com talas nas pernas e ligaduras no peito para aguentar as dores de costelas partidas. Se vencer a corrida e vencer a dor, os fãs lhes dariam o coração e contariam aos netos que "estavam lá, eu vi".
Só venceu seis corridas, mas foram todas pela Ferrari. E em todas, menos uma, ele andou ao seriço do Cavalino. E por causa dele, há monumentos em Itália e no Canadá. E ainda não temos os monumentos ao Michael Schumacher, pois não? Salut, Gilles!
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