O ruído de fundo já tinha alguns dias, mas todas estas "estórias" sobre o coronavirus desfocaram o episódio. Agora, esta manhã, o comunicado da Mercedes - e assinado por mais seis equipas - diz tudo: o acordo confidencial entre a FIA e a Ferrari sobre o motor de 2019 deixou-as “surpresas e chocadas”, cobram lisura da entidade que regula o automobilismo, liderado por Jean Todt, ameaçando entrar na justiça para pedir uma “reparação legal”.
"Nós, as equipas abaixo assinadas, ficamos surpresas e chocadas com o comunicado da FIA de sexta-feira, 28 de fevereiro, a respeito da conclusão da investigação da unidade de potência da Ferrari na Fórmula 1”, começa por dizer o comunicado.
“Uma entidade reguladora desportiva internacional tem a responsabilidade de agir de acordo com os mais altos níveis de integridade e transparência. Após meses de investigações promovidas pela FIA, feitas apenas após pedidos de outras equipas, nós questionamos fortemente a chegada a um acordo confidencial entre FIA e Ferrari para encerrar esse assunto”, continua.
“Dessa forma, afirmamos publicamente nosso compromisso em perseguir uma explicação completa e apropriada sobre essa questão, garantindo que nosso desporto trate todos competidores de forma justa e igual. Fazemos isso pelos fãs, participantes e acionistas da Formula 1. Por fim, nos reservamos o direito de buscar reparação legal de acordo com o processo da FIA e frente aos tribunais competentes", concluiu.
Para além da Ferrari, os únicos que não assinaram o comunicado foram a Sauber Alfa e a Haas.
Esta posição de força acontece depois de suspeitas sobre a legalidade do motor da Ferrari em 2019, especialmente na segunda metade do campeonato, pedidas por algumas das equipas do pelotão, entre elas a Mercedes e a Red Bull. A irregularidade tinha a ver com o fluxo de combustível do motor italiano. A FIA investigou e anunciou em meados do mês passado que tinham chegado a um acordo, cujos detalhes tinham sido guardados no segredo dos deuses. E entretanto, a Ferrari tinha decidido colocar um segundo sensor de combustível no seu motor para evitar novos problemas.
“A FIA anuncia que, após investigações técnicas, concluiu a análise de operação da unidade de potência da Ferrari e buscou um acordo. As especificações desse acordo vão ficar entre as partes.", começou por dizer o comunicado lançado no mês passado.
"A FIA e [a Ferrari] concordaram numa série de compromissos técnicos que vão melhorar a monitorizaçao de todos os motores da Fórmula 1 nos próximos campeonatos, assim como ajudar a FIA em outras tarefas regulatórias da Formula 1 e nas suas pesquisas de emissão de carbono e combustíveis sustentáveis”, concluiu.
Recorde-se que a FIA é dirigida desde 2009 por Jean Todt, que foi o diretor desportivo da Scuderia de 1993 a 2007.
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