quarta-feira, 29 de abril de 2020

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Rick Mears a ter o seu gosto na Formula 1. 2020 marca o 40º aniversário da data onde o piloto americano teve a sua experiência na categoria máxima do automobilismo. Um dos maiores pilotos de toda uma era na CART, correndo sobretudo pela Penske, onde venceu três campeonatos (1979, 81 e 82), para além de ter vencido por quatro vezes as 500 Milhas de Indianápolis (1979, 84, 88 e 91). E ainda foi o Rookie do Ano na mesma prova, em 1978.

Contudo, em 1980, Mears não sabia como iriam parar as coisas no panorama automobilistico americano. A CART (Championship Auto Racing Teams) tinha sido formada e separara-se da USAC, e não se sabia se iria sobreviver. Mears, então com 27 anos - nasceu a 3 de dezembro de 1951 - tinha dúvidas se teria um emprego a longo prazo, e pediu a Roger Penske sobre se poderia testar um carro de Formula 1, porque tinha recebido um convite nesse sentido. Penske disse sim e ele lá foi.

Mears foi dar voltas num Brabham BT49, ao lado de Nelson Piquet e o resto da equipa, desde Bernie Ecclestone, Gordon Murray e o resto, primeiro em Paul Ricard, depois em Riverside. Anos depois, na sua biografia, Mears contou a história do teste.

"Foi quando a CART e a USAC se separaram e foi [um pouco] como 'O que vai acontecer aqui?'", ele começa a contar. "Recebi uma ligação de Bernie sobre Fórmula 1. Naquela época, eu pensava em prosseguir um pouco, apenas para manter o pé na porta, caso a CART não vingasse. Essa foi uma das principais razões pelas quais eu aceitei [o teste].

O outro motivo foi que todos pareciam pensar que os carros e pilotos de Fórmula 1 eram mais altos que todos os outros. Eu tinha minha própria curiosidade para satisfazer. Fui até Roger e disse a ele que Bernie queria que eu fosse testar e estava oferecendo esse tipo de dinheiro. Eu queria contar a ele primeiro e ver o que ele tinha a dizer sobre isso."

Ele disse que era uma decisão de negócios que eu tinha que tomar. Ele não tentou me abraçar ou me ameaçar. Era o típico Roger. Ele me apoiou. Ele me disse: 'Você precisa fazer o que tem que fazer'. Então, eu disse que iria em frente e faria o teste e ver o que pensava, e Roger disse que estava bem.

Rick testou o Brabham duas vezes, primeiro em Paul Ricard na França e depois em Riverside. 

"Foi divertido! As características de um Formula 1 eram completamente diferentes, porque esses carros eram mais leves, de reação rápida e respondiam melhor”, observa Rick. “Você precisa acelerar com mais força. A primeira vez que dirigi o Brabham, eu estava alguns segundos fora do ritmo, e isso foi porque eu estava dirigindo como um carro da Indy - suave e firme, sem fazer asneiras, sem tocar nos travões. Eu estava usando toda a faixa, mas não a usei demais, e demorei alguns segundos."

"Pensei: 'O que há de errado aqui?'. Então fiquei bravo e comecei a tirar a merda dessa coisa. Comecei a deslizá-lo, lançá-lo para o lado e saltá-lo por cima dos freios. Então cheguei a tempos competitivos. Descobri que você precisa mudar sua maneira de pensar quando dirige um carro de Formula 1. É uma coisa do tipo pisar no acelerador, pisar fora da calçada a cada volta. Nesse tipo de corrida, você não consegue se controlar. É um acordo simples o tempo todo."

No final do primeiro teste, era meio segundo mais lento que o brasileiro, e depois em Riverside, conseguiu ser mais veloz que Piquet. E o seu trato tinha conquistado todos, desde Piquet até a mecânicos como Charlie Whitting e Herbie Blash

Whitting, morto em 2019, recorda esse teste, num artigo da Motorsport britânica, em dezembro de 2015: "Ele apareceu como um californiano bronzeado do sol, ultra-cool. Lembro como foi fácil lidar com ele. Não houve confusão. Ele não era um desses pilotos que cuidava muito. No tempo muito limitado que ele tinha no carro, você podia ver que ele era um cara muito fácil de trabalhar. Foi um prazer trabalhar [com ele].

Do ponto de vista de um mecânico, Nelson [Piquet] era um sonho. Não havia brincadeira. Ele acabava por entrar e dirigir, e Rick parecia ser do mesmo tipo. Eu pensei que eles teriam feito bons companheiros de equipa se tudo tivesse dado certo.”, concluiu.

No final, Mears decidiu manter-se na CART, dizendo que o ambiente era bem melhor. Roger Penske era, para ele, o melhor patrão para trabalhar, e como ele gostava da variedade de circuitos existentes na altura - superspeedways, ovais curtas, circuitos de rua e permanentes, achava que eles eram mais completos e poderia divertir-se, ao contrário da Formula 1, que só tinha circuitos.

"Bernie e eu chegamos a [ter] um contrato", diz Rick. "Era uma questão de eu decidir se queria ir ou não."

"Entrei nas corridas por 'hobby', porque adoro e é isso que me faz feliz", argumentou Rick. “Decidi fazer o que me faz feliz, não o que mais paga. Eu apenas comecei a pesar todos os fatos. O dinheiro na Formula 1 era bom, sim, mas eram apenas pistas, e eu gostava de ovais. Eu podia ver a CART a ficar forte e gostei da variedade do CART com ovais curtas, ovais longas, circuitos de rua e circuitos permanentes. Eu senti que você tinha que ser um piloto mais experiente para vencer o campeonato da CART e gostei da Penske e da associação que tínhamos lá. Para mim, o CART era mais competitivo e mais desafiador.

Continuei pesando tudo e disse: 'Não ligo para alguns egos ali na Fórmula 1. Vou me divertir mais ficando na CART.' A Fórmula 1 teria sido divertida, mas seria mais divertido para mim ficar na CART. Quando fizemos o teste em Riverside, eu pude ver a CART a crescer, então tomei a decisão de não fazer a Fórmula 1. Não me arrependo nem um pouco. Eu fiz a ligação certa para mim.

"Foi difícil deixar passar tudo o que eu tinha com a Penske", acrescenta Rick. "Você não poderia pedir uma equipa melhor e eu tinha toda a fé do mundo no Roger e na equipa. Eu sabia que a Fórmula 1 era um mundo diferente, provavelmente mais 'choque de egos'. Havia também todo o aborrecimento de viajar extra e ter que pensar em morar na Europa. Decidi que era melhor ficar com a Penske e nos Estados Unidos, na CART.

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