O final trágico de uma história. Alberto Ascari era um piloto extremamente supersticioso. E morreu numa coincidência tremendamente azarenta, porque ele morreu no mesmo dia do calendário que o seu pai, na idade que ele tinha, e também num acidente mortal, embora António Ascari faleceu durante uma corrida, enquanto Alberto foi num teste, quatro dias depois de um Grande Prémio. E ambos tinham a mesma idade quando morreram: 36 anos.
Já falei noutro dia do seu acidente no Mónaco, onde provavelmente, cedeu ao cansaço de uma corrida de cem voltas, despistando-se e caindo nas águas do porto a bordo do seu Lancia D50, depois de ter ficado com a liderança, graças ao abandono do Mercedes de Stirling Moss. Ascari veio à superfície com um nariz partido e algumas escoriações.
Quatro dias depois, decidiu subir ao Ferrari 750 Monza que Eugenio Castelotti guiava nuns testes para uma prova de Endurance que iria haver dali a uns tempos. Ascari pegou no capacete de Castelloti, deu umas voltas, perdeu o controlo do seu carro na Vialone e morreu, esmagado pelo peso do carro. O mais estranho é que Ascari nunca corria sem o seu capacete azul celeste e claro, não levou no dia fatídico, logo... ele nem queria andar num carro. Provavelmente, quatro dias depois de um acidente como foi a de Monte Carlo, a ideia de voltar ao volante de um carro acabou por ser tentadora.
O seu acidente mortal comoveu o mundo do automobilismo, e Vicenzo Lancia, o herdeiro do seu fundador, aproveitou isso e as dificuldades económicas da empresa para vender os carros a Enzo Ferrari, que os rebatizou de Lancia-Ferrari D50, e nas mãos de Juan Manuel Fangio, conseguiu o seu quarto título mundial, em 1956. E em muitos aspectos, poderia ter sido o carro que lhe daria o tri a Ascari, se sobrevivesse a aquele dia de maio.
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