Graham Hill está na lenda da Formula 1 pelas suas cinco vitórias em Monte Carlo, para além de dois títulos mundiais, os 176 Grandes Prémios disputados entre 1958 e 1975, mais as suas passagens pela BRM e Lotus, para além de ter montado a sua própria equipa, um dos poucos pilotos a fazer isso. Mas em 1965, a sua vitória teve um tanto de surreal e a sua história merece ser contada, porque passam exactamente 55 anos sobre ela.
Naquele ano, Jim Clark, o seu maior rival, não iria participar no GP monegasco porque estava no outro lado do Atlântico preocupado em conseguir as 500 Milhas de Indianápolis a bordo do seu Lotus 38. Aliás, a equipa não estava presente nessa corrida, logo, todos poderiam ter uma chance de vitória sem aquele que todos sabiam ser o melhor do pelotão. Hill fez calmamente a pole-position, a frente de Jack Brabham e do seu companheiro de equipa, um jovem Jackie Stewart.
A corrida, como sempre foi dura e desgastante, e na volta 79, o australiano Paul Hawkins, que guiava um Lotus-Climax inscrito pela DW Racing Enterprises, acabou no fundo do porto de Monte Carlo, dez anos e alguns dias depois de Alberto Ascari ter feito o mesmo com o seu Lancia-Ferrari. E como o italiano, saiu do carro sem ferimentos de maior, numa cena que foi repetida no ano seguinte... no filme Grand Prix.
Mas o mais extraordinário foi que Hill chegou a estar... fora da corrida. Na volta numero 25, quando se aproximava do carro de Bob Anderson, que estava atrasado na corrida - terminaria a... 15 voltas do vencedor! - este atrapalhou Hill, que teve de parar na escapatória da chicane do Porto. O britânico saiu do carro, empurrou-o sozinho para a pista e regressou com pouco mais de meio minuto de atraso, suficiente para perder a liderança e regressar à corrida no quinto posto. Mas ele tinha mais 75 voltas para recuperar...
E foi o que fez. Na volta 65, tinha passado Stewart e ia atrás do Ferrari de Lorenzo Bandini e conseguiu ficar com o comando da corrida, para não mais o largar. Doze voltas depois, Hawkins fez o seu salto para as águas do Mediterrâneo e o britânico rolou calmamente para a vitória, que era a terceira seguida nas ruas do Principado, enquanto no lugar mais baixo do pódio, Jackie Stewart conseguia o seu primeiro pódio de uma longa e frutuosa carreira.
Poucas horas mais tarde, Clark triunfaria no "Brickyard". E quando a Lotus pisou os pés em solo europeu, Jim Clark iria vencer as cinco provas seguintes, acabando como campeão do mundo.
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