Aí vêm eles. O inverno foi muito, muito longo, e as corridas acontecerão umas atrás das outras, para compensar o muito tempo que foram forçados a parar. Lá fora, o mundo ficou ao contrário, e não foi apenas por causa de uma pandemia que os obrigou a ficar em casa, depois de uma interrupção quase em cima da hora, nas longínquas paragens australianas.
Os Mercedes agora são "Flechas Negras", com Lewis Hamilton a descobrir a sua própria voz, no meio das injustiças porque há quem ache, na terceira década deste século XXI, que há umas vidas que valem menos que as outras. E isso, no meio machista, conservador, elitista da Formula 1, causa mais um motivo de revolta do qual, agora que se sabe que certas expressões terão resposta, não querem colocar os críticos no lado dos maus da fita. E ele afirma que, por causa disso, ele vai exprimir a sua negritude, num estilo que faz lembrar Muhammad Ali. Mais do que um sinal de maturidade, é um sinal de consciência social e até politica.
Mas há mais coisas neste regresso. Em Spielberg, vai ser um mundo diferente. Há separações que é preciso respeitar. Vai haver muito menos pessoas a circular, em nome da saúde pública, e o calendario, do qual só conhecemos as oito primeiras corridas, poderá ser o mais eurocêntrico em 45 anos, caso se confirme que só iremos à China, Vietname, o Médio Oriente e o Canadá, excluindo boa parte das Américas. Vai ser o calendário possível em tempos excepcionais.
Mas não é só os Mercedes negros. A Ferrari têm um escolho chamado Sebastian Vettel, que amanhã faz 33 anos, e como "prenda de aniversário", contou esta tarde na conferência de imprensa de antevisão do GP da Áustria que a Scuderia nem sequer lhe apresentou uma proposta para renovar, mesmo que fosse baixa o suficiente para ele poder recusar e ter tomado a decisão que tomou, de que 2020 seria a sua última temporada na equipa de Maranello, e se calhar, da Formula 1.
Resta Max Verstappen. A Red Bull teve a sorte de correr em casa e esta ser a proa de abertura, algo do qual nunca poderia imaginar. E anda a avisar que poderá estar melhor que a Ferrari e atacar o domínio da Mercedes. Quanto disso será "bluff" e quanto disso terá um fundo de verdade, especialmente quando se sabe que a Honda está a investir muito no seu motor para ser campeão?
E voltando ao primeiro parágrafo... Lewis Hamilton já disse que no dia da corrida, irá colocar um joelho no chão antes do Grande Prémio. Quantos irão acompanhar neste gesto simbólico, mas significativo?
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