domingo, 6 de setembro de 2020

Formula 1 2020 - Ronda 7, Monza (Corrida)


Monza é aquela paisagem, lugar e cor. O autódromo quase centenário foi lugar de imensas corridas, muitas memoráveis para a Scuderia Ferrari. Uma delas, há precisamente meio século, dera a vitória a Clay Regazzoni, a primeira da sua carreira, 24 horas depois do grande protagonista do campeonato daquele ano ter morrido num acidente pouco antes de chegar à Parabólica.

Mas também, Monza é lugar onde no final de cada corrida, uma multidão invade a pista e vai celebrar os seus heróis, contudo, como quase todos são "ferraristas", espera-se que comemorem as vitórias dos seus pilotos. E havia quem, tempos idos, e a lenda solidificava essa ideia, is para a pista, chegava ao pé de algum carro que estivesse abandonado e levava um qualquer "souvenir" para dizer aos seus aigos, numa qualquer conversa futura entre "lambruscos" e pasta - ou ravioli - que aquele pneu ou pedaço de asa que tem ali pendurado num canto da sala foi o resultado da sua ida às corridas. Para nem falar dos cartazes publicitários furados por "portoghese", ou seja, aqueles que foram ver a corrida sem pagar uma única lira...

Mas isso já são tempos longínquos. A lira já não existe, este ano não há público e a Ferrari caminha pelas ruas da amargura. Sebastian Vettel largará de um discreto 18º lugar na grelha, e pontuar neste domingo, será uma vitória. Uma repetição dos lugares fora dos pontos na corrida amterior, na Bélgica, poderá provavelmente rebatizar esta corrida de "Gran Premio Vergogna Uno", porque semana que vem, em Mugello, será o "Vergogna Due", apesar de oficialmente ser o lugar do milésimo GP da Ferrari...

Como podem ver, a infâmia não é só ver seus pilotos mortos ao serviço "delle nacchine rosse". É também arrancarem do fundo da grelha.


Com um céu limpo, neste final de verão, esperava-se que iria ser uma corrida sem história, provavelmente corrida do modo mais veloz possível - em média, esta corrida tem 70 minutos de duração. Contudo, o destino iria ser completamente diferente. Completamente. Um pouco como a nossa normalidade é perturbada pela colocação de mais um dado ao acaso.

Mas comecemos. A partida aconteceu com Hamilton na frente e Bottas a ser engolido pelo pelotão, primeiro pelos McLaren, depois por Perez, Ricciardo e Ocon. O finlandês queixava-se de um furo lento, mas parecia que estava tudo bem. No final da primeira volta, era sexto. Atrás, Alex Albon falhou a travagem na primeira chicane, caindo para o 15º posto, depois de um toque no carro de Pierre Gasly. No final, foi penalizado por ter andado fora dos limites.

Nas voltas seguintes, as coisas não andaram anormais, excepto quando na volta sete, os travões de Sebastian Vettel falharam e ele acabou por ir às boxes e de lá não saiu mais. Na frente, os McLaren eram segundo e terceiro, com Perez e Ricciardo atrás deles. 

Na volta 21, Charles Leclerc, que era... 14º, foi às boxes para trocar de pneus para duros, enquanto pouco depois, Kevin Magnussen se tornava na segunda desistência do dia. O carro ficou numa posição perigosa e foi o suficiente para a FIA chamasse o Safety Car. A entrada das boxes foi fechada para os comissários pudessem circular, mas ao mesmo tempo, Lewis Hamilton e Antonio Giovinazzi foram às boxes para trocar. Ou seja, com a entrada fechada, incorreram numa irregularidade. 


A corrida recomeçou na volta 24, mas não por muito tempo, quando Charles Leclerc perdeu a traseira na saída da Parabólica e bateu bem forte. Primeiro, o Safety Car, mas depois, a bandeira vermelha criou ainda mais confusão numa corrida que deveria ser chata... no final, a corrida recomeçou mais de meia hora depois, com Hamilton penalizado em dez segundos, que acabou por cumprir nas primeiras voltas depois de uma nova partida na grelha.

A corrida recomeçou na volta 27, precisamente metade da corrida. Com Hamilton a cair para a última posição, ele tinha uma tarefa bem complicada, porque eles não eram os mais velozes em reta. Quando Hamilton cumpriu a sua penalização, voltou à pista em último e a trinta segundos de liderança. Atrás, Max Verstappen era mias uma vitima dos travões e abandonava a prova.

Na volta 34, Sainz apanhou Raikkonen e passou-o, sendo segundo e indo atrás de Gasly, o novo líder. Atrás, Hamilton ia de faca nos dentes, tentando apanhar a maior parte dos pilotos para chegar o mais alto possível. Na volta seguinte, Stroll passou Raikkonen na segunda chicane para ser terceiro. Com o passar das voltas, o finlandês caia para o fundo do pelotão, pois não tinha velocidade para os acompanhar. 

Atrás, Lewis Hamilton tinha dificuldades para passar os carros que tinha na sua frente. Demorou algumas voltas até passar o carro de Alex Albon, e quando passou Romain Grosjean para ser 12º, já estávamos na volta 41. Na frente, Pierre Gasly aguentava a investida de Carlos Sainz Jr., que na volta 46, já estava na traseira do piloto francês da Alpha Tauri. 


As voltas finais foram emocionantes, com o espanhol a tentar apanhar o francês para lá chegar ao topo, mas Gasly teve sangue-frio suficiente para aguentar a inestida final do filho de Carlos Sain, para assim triunfar pela primeira vez na sua carreira, dando à Alpha Tauri a sua segunda vitória, doze anos depois de Sebastian Vettel.

E de corrida chata, passamos a ter uma emocionante e imprevísivel. E se antes, a previsibilidade era tanta que o resto não importava, agora é o contrário: uma corrida sem vencedor definido, que nos agarrou aos sofás, iria ter como ambiente um lugar vazio de gente, sem ninguém por causa de uma pandemia. Ali, o fã se lembra que está a sofrer, que aquele sonho poderia ter um ambiente melhor, porque corridas dessas só muito de vez em quando. Muito raramente.  

1 comentário:

  1. Pierre Gasly é o 13º piloto francês a vencer na Fórmula 1, e é a 80ª vitória da França na principal categoria da velocidade.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...