Pouco depois deste resultado, e da competição de Endurance onde lutou com a Matra, Porsche e a Alfa Romeo para o titulo, investindo consideravelmente no desenvolvimento do 312PB, a chegada de Luca de Montezemolo fez priorizar a Formula 1 em detrimento da Endurance e essa parte da história foi encerrada, julgando-se para sempre. Pois bem, depois de muitas ameaças, a Scuderia anunciou nesta quarta-feira que iriam voltar a La Sarthe, meio século depois desta aventura.
Não é um regresso inocente, nem circunstancial. 2023 é o ano do centenário da prova, e os novos regulamentos dos Hypercar e dos LMDh com os devidos limites nos custos fizeram com que as marcas corressem para ali como um carreiro de formigas. A maneira como as coisas foram feitas fizeram com que marcas como Porsche, Peugeot e Acura, decidirem correr ali, juntando-se à Toyota para uma das duas classes, e tento também as equipas mais pequenas como a ByKolles e a Glickenhaus.
No final, a Endurance tornou-se no lugar onde todos querem estar naquele ano. E claro, vencer aquela edição do centenário - não a centésima edição, pois não aconteceu em 1936 e entre 1940 e 48 - seria fantástico para a imagem do "win on sunday, sell on monday". E se forem híbridos ou elétricos - e ainda temos a hipótese do hidrogénio! - melhor ainda.
Mas também há outro motivo pelo qual temos alguém como a Ferrari por ali. Primeiro que tudo, o dinheiro. Com o teto orçamental a ser colocado na Formula 1, já não se justifica gastar 350 ou 400 milhões de dólares para conseguir vitórias pontuais, numa era de domínio da Mercedes. Agora com essa folga, pode-se pensar em outras aventuras. E a Endurance foi a decisão natural, depois de terem recusado a chance de irem para a IndyCar.
Mas também poderá haver outra coisa. Enzo Ferrari dizia sempre que o segredo do sucesso dos seus carros de estrada é de construir sempre um carro a menos que o necessário. É outra maneira de vencer no domingo para vender na segunda-feira, porque falamos de hipercarrros. E se o carro, que será apresentado dentro de algum tempo, tiver uma versão de estrada, e se tornar vencedor, podem imaginar a longa fila de espera para ter um à porta de Maranello, não é?
Em suma, estar em Le Mans a meio de junho de 2023 vai ser um lugar muito cobiçado.
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