Nascido Graeme Murray Walker, nascera a 10 de outubro de 1923 em Hall Green, na zona de Birmingham. Era filho de Graham Walker, um piloto de motociclismo que correra antes da II Guerra, chegando a vencer uma edição do Man TT. Quando iniciou o conflito mundial, Walker foi recrutado para o Royal Scots Greys, conduzindo tanques. Finda a sua participação no conflito, onde guiou tanques Sherman e acabou como capitão, quis seguir os passos do seu pai como piloto de motos, mas cedo viu que ele não tinha muito jeito para a coisa...
Em 1948, aproveitou a ocasião de comentar numa prova de "hillclimb" (rampas), e a maneira como o fez foi de tal maneira impressionante que a BBC o convidou para comentar provas em Goodwood. A partir de então, enquanto trabalhava numa agência de publicidade, comentava provas de automóveis ao fim de semana, desde turismos a Formulas de promoção - Formula Ford e Formula 3 - enquanto para as grandes provas, como o Grande Prémio da Grã-Bretanha, o comentador escolhido era Raymond Baxter.
Contudo, as coisas mudaram em 1978 quando a BBC decidiu cobrir toda a temporada da Formula 1, e Baxter decidiu reformar-se. Então com 55 anos, a cadeia britânica ofereceu o emprego a ele, que aceitou, e alguns meses mais tarde, juntou-se a ele James Hunt, que tinha acabado de pendurar o capacete e se tornou no narrador especialista em automobilismo. O que poucos ignoravam é que tinham juntado uma dupla que nos 15 anos seguintes, iriam moldar a maneira como as pessoas veriam a Formula 1 na Grã-Bretanha, toda uma geração.
Mas curiosamente... Walker e Hunt não se deram bem a principio. As suas personalidades eram contrastantes: o festeiro Hunt, com uma vida pessoal agitada e o calmo e tranquilo Walker. Mas o amor pelo automobilismo fez com que ambos se tornassem bens amigos e quando o ex-piloto morreu subitamente em junho de 1993, Walker fez um sentido tributo ao campeão do mundo de 1976 na BBC.
Na cabina de comentário, o seu estilo entusiasta e voluntarioso o fazia cometer "gaffes" sempre que acontecia qualquer coisa. Ao longo dos anos, os "murrayismos" faziam as delicias dos espectadores, pois frases como "ao menos que esteja enganado... e estou bem enganado!" ou "Mansell está a abrandar, parece que está a correr calmamente... oh não, acabou de fazer o recorde da volta!" ou então "com metade da corrida realizada, falta a outra metade para chegar ao fim." Tudo isto entrou na mente de toda uma geração.
Em 1997, transferiu-se para a ITV, aproveitando a transferência dos direitos da Formula 1 para o mesmo canal britânico, e em 2001, aos 77 anos, e depois de ter como seu parceiro outro ex-piloto, Martin Brundle, decidiu reformar-se da cabina de comentários. Nos anos seguintes, porem, continuou a apresentar programas de Formula 1 quer na rádio, quer na televisão, na Channel Four britânica, até aos dias de hoje, apesar de alguns sustos em termos de saúde, incluindo um cancro linfático em 2013, que foi tratado.
Com o tempo, foi agraciado com honrarias em honra das suas contribuições para o automobilismo e o comentário desportivo. Entre uma condecoração com a Ordem do Império Britânico em 1996, passando por um prémio BAFTA de televisão em 2002, pelo conjunto da sua carreira, Walker tornou-se numa personalidade do qual todos reconheceram a sua presença no automobilismo e nos Grandes Prémios. Tudo isto numa incrível longa vida que terminou hoje. Ars lunga, vita brevis, Murray.
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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...