terça-feira, 27 de abril de 2021

A imagem do dia


As redes sociais fala hoje que passam hoje vinte anos sobre a estreia do filme "Driven", o... filme sobre a então CART realizado por Renny Harlin, produzido por Silverster Stallone, com o próprio como ator. Foi bom ver que Hollywood estava interessado em fazer um filme sobre automobilismo, mas no final, a quantidade de cenas inverosímeis que vi naquele filme, fez com que não quisesse ver mais. E pior: muitos concordam comigo. Sempre que falam nesse filme, não é nos melhores termos.

Eu sei que a ideia teve uns anos, e durante esse tempo, Stallone fartou-se de andar no "paddock" da Formula 1 para se acostumar e preparar-se para escrever uma história de interesse. Bernie Ecclestone também queria isso, porque achava que Hollywood poderia ajudar em colocar a Formula 1 no mapa. Com tempo, ele viu que as coisas com ele não iriam a lado algum e desistiu da ideia.

Assim, foi para a CART, que no final do milénio, era a categoria que estava na berra, mas passava por uma guerra com a IRL. Ter Hollywood a ajudar na sua causa até poderia ajudar, logo, Stallone teve carta branca para andar por aí e fazer um argumento que agarrasse o espectador e ir ao cinema. 

Jovem piloto que não anda bem nas corridas? "Check.
Velhote de regresso da reforma para ajudar o jovem rapaz? Check.
Dono de equipa velho, aleijado e rabugento? Check.
Rival do herói um alemão obcecado em vitórias? Check.
Acção e emoção a rodos? Check, check e check.

Só que o filme não foi a verão do ano 2000 de Grand Prix. Houve cenas completamente estrambólicas e irreais - aquela da perseguição dos carros nas ruas de Nova Iorque seria cómico, se não fosse trágico - e algumas das cenas dos acidentes são... completamente inverosímeis. E a cada cena, via-se ir, voando a 350 km/hora, a reputação e o dinheiro que foi gasto para fazer o filme. E a cada cena, claro, via-se o arrependimento dos produtores em fazer um produto destes.

E claro, os frios números do "box office" deram razão aos temores: 94 milhões de dólares gastos, com um "box office" de 54,7 milhões. Financeiramente, foi um fracasso, e segundo o Rotten Tomatos, um indice que mede o grau de apreciação das pessoas, tem uma média de... 14 por cento. Para terem uma ideia, "Rush", que apareceu doze anos depois, tem uma média de 88 por cento, e "Ford vs Ferrari", de 2019, tem 92 por cento no mesmo índice.

Verdade, não teve qualquer intenção de ser um filme refletivo e intelectual, em termos de cenas de ação, não é grande coisa. Jay Leno disse que foi o pior filme de automobilismo que jamais viu, e anos depois, Stallone disse que se arrepende de ter feito o filme. Enfim, fica como lição. 

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