sábado, 22 de maio de 2021

Formula 1 2021 - Ronda 5, Mónaco (Qualificação)


Mónaco tem mais tradição que interesse. Para o fã, correr ali não faz muito sentido: é estreito, não tem escapatórias, e as corridas podem ser aborrecidas. Mas a Formula 1 precisa dela, porque é uma montra onde os VIP's podem ser vistos ao lado dos carros, e isso, todos querem ter, desde o Bernie Ecclestone, no passado, à Liberty Media no presente. Daí que seja o principado a ditar as suas condições, não a organização a impor a sua avante. É o único sitio onde podem fazer isso.

E como já foi mostrado nos últimos anos - então agora em 2021, ainda mais - a estreiteza da pista tem apenas a ver com uma coisa: o tamanho dos carros. Nem comparo com os da Formula E, que passavam calmamente em qualquer canto da pista porque tinham o tamanho para isso, mas falo dos velhos carros de há 40 anos, que tinham também tamanho para tal, caso os pilotos não fossem tão delicados como eles, porque afinal de contas, são peças de museu. Mas acho que a grande questão tem uma resposta mais ou menos óbvia: o problema não é a pista, são os carros.

Mas esse problema não será resolvido tão cedo, acreditem.


Dito isto, a qualificação iria começar com menos um carro à partida. Um Haas... e não é o do russo. Mick Schumacher tinha batido forte no final do terceiro treino livre e os estragos ao carro eram tais que o melhor seria ver a qualificação da bancada, enquanto reparavam o carro da melhor maneira que podiam. Também... ele não iria longe, pois não?

Então foi assim que começou a sessão de qualificação da quinta prova de um longo campeonato do mundo de Formula 1. E com muitos olhos em cima dos suspeitos do costume, porque ninguém dava muito aos carros de Maranello, apesar de isto ser o quintal de Charles Leclerc, não é?      

Passados os primeiros minutos, as primeiras surpresas. E o mais doido não foi saber que no final desta Q1, nem foi o mau tempo do Alpha Tauri de um "rookie" chamado Yuki Tsunoda, é mais o Alpine de Fernando Alonso ter sido um dos "infelizes contemplados" e fez companhia aos carros do costume. É verdade que ele ainda esta em processo de adaptação ao seu carro, e três temporadas longe de um Formula 1 têm as suas consequências, mas vê-lo tão cedo fora da ação é estranho. E ele não anda num carro do final do pelotão.


Para a Q2, o pessoal continuava a calçar moles, e de uma certa forma era sinal de que os Red Bull, especialmente Max Verstappen, tinham mais chances de brilhar, acompanhados pelos Ferrari. E facto de ver os Mercedes mais atrás pode ser apenas um resguardo para a parte final, em termos de mecânica e eletrónica, e também de pneus, mas até pode ser um sinal de alerta para dizer que Mónaco não é a sua casa, nem a sua cara.

Na parte final, Verstappen voltou a dar o seu melhor, flertando com o guard-rail um pouco por todo o circuito - os carros são mesmo grandes - e os Mercedes também seguiam o mesmo caminho. Bottas chegou a melhorar o seu tempo, suficiente para a Q3, mas quem andou mesmo depressa foi o "local boy", Charles Leclerc, que fazia 1.10,597, enquanto Bottas melhorava e era P3, com Verstappen entre eles.

E se a Ferrari começava a sonhar com algo inédito nesta temporada, quem ficava para trás? Os infelizes foram o Alpine de Ocon, o Aston Martin de Stroll, o McLaren de Ricciardo, o Williams de Russell e o Alfa Romeo de Raikkonen. E entre os felizes que iam para a Q3, a grande surpresa era o segundo Alfa Romeo-Sauber de Antonio Giovinazzi.

Claro que para a Q3, havia uma pergunta: será que Hamilton está a guardar tudo para esta altura?

Mas parecia que não. Na primeira vez que sairam para a pista, Leclerc conseguiu andar tão bem como nas vezes anteriores, e ainda por cima, tinha a companhia de Valtteri Bottas, e pelo meio, Max Verstappen. Eles faziam bons tempos, e Lewis Hamilton era um mero sétimo classificado, e a levar meio segundo de Valtteri Bottas, o que era anormal para o homem das cem pole-positions! Terá medo do traçado?


Claro, a excitação estava no ar, mas o final foi anticlimático por um lado - a temperatura do asfalto diminuiu - e por outro, o herói local decidiu bater na Piscina que era para ver se ninguém ficaria com a sua pole. Se o pensamento do Schumacher em 2006, que apenas estacionou o carro em La Rascasse e prejudicou toda a gente veio à memória de todos, as imagems mostram o contrário, porque ele apenas curvou cedo demais, o pneu tocou no metal, a suspensão quebrou e o resto. Tudo numa altura em que Verstappen estava a fazer o melhor tempo no primeiro setor, e os Mercedes pareciam que iriam melhorar os seus tempos.

Mas mesmo com este final, tem de se dizer isto: A Ferrari mostrou que tem carro nesta temporada, e Leclerc conseguiu dar à Scuderia a sua primeira pole em temporada e meia, desde o GP do México de 2019, mas terá Vestappen a seu lado e os Ferrari atrás dele, embora Hamilton, com o seu sétimo posto na grelha, iria ficar atrás de - imaginem! - Lando Norris, P5 no seu McLaren.

E assim foi a qualificação monegasca. Apesar de ser estreita, sem margem para erros, apesar daqueles que não gostam dela e acham que deveria desaparecer do calendário, apesar os detratores, ali nunca há um momento aborrecido. Pelo menos na qualificação. Mónaco tira sempre um coelho na cartola.

E amanhã, vamos a ver como será. Espero não ver ali o aborrecimento que não vi hoje.  

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