A Peugeot dominava a competição naquele ano graças ao fabuloso 205Ti16, um carro digno do Grupo B e o melhor do pelotão até, provavelmente, à chegada do Lancia Delta S4, que tinha supercompressor e turbocompressor... mas não tinha direção assistida. E claro, ainda tínhamos carros como o Audi Quattro, por exemplo. Reutemann, que não corria desde 1982, foi atraído pela ideia através de Jean Todt, então diretor da Peugeot Sport. Convenceu-o, e a organização também ajudou, dando-lhe o numero 1 para colar no carro. Iria ser navegado pelo francês Jean-Francois Fauchille, mas na realidade, ele foi pouco mais do que um passageiro, porque as suas capacidades como piloto foram mais usadas, e ele tinha pouca prática a ler o caderno de notas do seu navegador. Deixou que o seu instinto levasse a melhor. E cumpriu, repetindo o que tinha feito cinco ano antes, a bordo de um Fiat 131, no mesmo rali.
Mas o lugar mais baixo do pódio de Reutemann - um feito que ninguém ainda conseguiu até aos dias de hoje, apesar de recentemente termos tido Kimi Raikkonen e Robert Kubica - ficou marcado pelo grave acidente de Ari Vatanen logo no primeiro dia do rali. O acidente aconteceu quando eles passavam por um ribeiro, num buraco que a água tinha escondido, e esse acidente orográfico acontecera devido a cheias recentes naquela parte do país, quando os carros rumavam a Córdoba. Apesar de Vatanen e Timo Salonen, seu compatriota e companheiro de equipa terem feito reconhecimentos naquele lugar, não havia certezas quando fosse a prova a sério.
Quando ambos passaram por ali, a diferença entre o sucesso e o acidente foi o instinto. Salonen abrandou, Vatanen passou por ali a 170 km/hora e capotou diversas vezes no ar. Pior: os apoios do seu "bacquet" quebraram-se e ele andou aos trambolhões dentro do cockpit, agravando ainda mais os seus ferimentos. Acabou com vértebras fraturadas, costelas partidas e perfurações no pulmão, tudo potencialmente fatal. Foi evacuado para Helsínquia num jato privado, pago pela Peugeot, e as operações salvaram-lhe a vida, apesar da longa reabilitação física e psicológica. De uma certa maneira, foi isso que decidiu o campeonato a favor de Salonen.
Mas tudo isso de uma certa forma empalideceu o feito que Reutemann tinha feito ao conduzir uma das máquinas mais potentes do Mundial de Ralis. Quase a brincar, sem compromissos, mostrou o seu talento ao volante e o instinto de evitar as armadilhas de uma prova tão dura como aquela. E claro, muitos pensariam o que teria feito se tivesse sido mais sério no automobilismo. Mas ser mais sérios implicaria ser menos humano, e ontem, Todt, agora presidente da FIA, elogiou-o, chamando-o um dos seus ídolos e homenageando-o pelos seus feitos automobilísticos. E qualquer máquina que usava, depois de uma certa adaptação, não tinha mais segredos para ele.
Reutemann, o único piloto que conseguiu pódios na Fórmula 1, no Mundial de Rally e no Mundial de Esportes-Protótipos. Um gigante das pistas!
ResponderEliminarFabio Marghieri