A Alpine era uma preparadora fundada em 1954 na cidade de Dieppe por Jean Redélé, que preparava Renault 4CV no sentido de terem um pouco mais de cavalagem no sentido de competir em rampas um pouco por toda a França. Com o tempo, construiu carros de fibra de vidro como o modelo A110, o mais famoso nos anos 60 e 70, principalmente nos ralis. Em 1971, a Renault começou a ter um maior envolvimento no automobilismo, ficando com participações maiores na marca, acabando por a comprar em 1976. Mas eles já nessa altura tinham começado a construir aquilo que viria a ser o A442. Com um motor de 2 litros, acompanhado de um Turbo Garrett, tinha uma potência inicial de 490 cavalos, acabando por ter 520 cavalos lá para 1978.
Nesse ano, Gerard Larrousse, ex-piloto por boa parte dos anos 60 e inicio dos anos 70, era o diretor da Renault e tinha elaborado um plano com três objetivos: triunfar em Le Mans, fechar as operações na Endurance com o objetivo de apostar tudo na Formula 1, para alcançar o mesmo sucesso. E ali, a Renault tinha reforçado bastante o seu orçamento, e construíram três chassis, inscrevendo-o na prova, com os melhores pilotos franceses. E nesse ano, estavam na primeira temporada inteira na Formula 1, com Jean-Pierre Jabouille ao volante, lutando contra um motor potente, mas frágil.
Três carros estavam inscritos na edição de 78. O primeiro era para Didier Pironi e Jean-Pierre Jaussaud, o primeiro um jovem que se tinha estreado na Formula 1 nesse ano, pela Tyrrell, o segundo um veterano de 41 anos, e que tinha corrido pela Matra e Mirage. No segundo carro estavam o britânico Derek Bell e Jean-Pierre Jarier, e no terceiro, quatro pilotos: Jabouille, os pilotos de ralis Guy Frequin e Jean Ragnotti, e o irmão de Pironi, José Dolhem. Havia também um A443, para Jabouille e Patrick Depailler. Todos iriam correr contra os Porsche 935 e 936, especialmente os guiados por Jacky Ickx, Bob Wollek, Hurley Haywood, Peter Gregg, Reinhold Joest ou Rolf Stommelen, entre outros.
Essencialmente, foi uma questão local. Os Renault, cujos chassis eram idênticos aos Porsche 936, que eram já capazes de fazer 390 km/hora na reta das Hunaudrieres, conseguiram controlar os carros alemães, ao ponto de terem decidido que, caso acontecesse, os vencedores seriam Jabouille e Depailler, muito mais velozes Tudo corria bem até à 18ª hora, quando o motor explodiu, e o comando foi herdado por Pironi e Jaussaud. O veterano levou o seu carro a bom porto, e no inicio da manhã, já tinham um bom avanço sobre o Porsche de Ickx quando começou a ter problemas com a caixa de velocidades. Larrousse disse que Pironi deveria levar o carro ate ao fim, esperando que conseguisse a vitória tão esperada.
Quando conseguiu, Pironi estava exausto, não conseguindo ser capaz de sair do seu carro pelo próprio pé, e assim sendo, Jaussaud teve de ir sozinho ao pódio ir buscar o troféu. Tinham ganho com quatro voltas de avanço sobre o melhor dos Porsches, e depois, foram comemorar como os franceses gostam de celebrar: com um passeio nas ruas de Paris. Dali a um ano, voltariam a sair à rua para comemorar a primeira vitória de um motor Turbo na Formula 1.
A vida de Pironi é conhecida: uma curta carreira na Formula 1, Tyrrell, Ligier e Ferrari e provavelmente o favorito ao título mundial de 1982, antes de um acidente no "warm up" do GP da Alemanha ter terminado prematuramente a sua carreira. Cinco anos de reabilitação o fez andar nos "powerboats" até um acidente na ilha de Wight, em agosto de 1987, ter terminado com a sua vida. Jaussaud foi correr para a Rondeau e voltou a vencer em Le Mans ao lado de Jean Rondeau, em 1980, sendo participante do único piloto de Le Mans a ganhar em Le Mans a bordo do seu próprio carro.
Jean-Pierre Jaussaud morreu ontem, aos 84 anos, deixando a sua marca na vida a fazer o que gostava e também a fazer sonhar outros nas aventuras em que viveu. Ars longa, vita brevis.
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