Aliás, nesta qualificação, os Mercedes foram meramente quarto e quinto. Estarem fora do "top three" é uma coisa tão invulgar como a passagem do cometa Halley, por exemplo. E claro, com os neerlandeses a encher as bancadas, felizes da vida, chegam que este é o momento dele.
Ainda havia aquela chance do tempo baralhar tudo, devido às previsões de hoje, onde a chuva poderia acontecer. Mas pelo aspeto das nuvens, dispersas, mas sem ameaçar, parecia que o boletim meteorológico era o equivalente a Chris Amon na liderança de uma corrida de Formula 1: sabemos que está lá, mas ninguém aposta nele para que aconteça. E claro, não aconteceu.
Não demorou muito tempo até à relargada, que aconteceu na quarta passagem pela meta. Ali, com Bottas a tentar passar Hamilton, Norris e Perez lutavam pelo segundo posto, mas encostado à gravilha o mexicano entrou nela e caiu para décimo. Isto iria ter consequências mais tardias. A partir dali, a corrida estabilizou, com Hamilton a tentar apanhar Norris, mas a velocidade de ponta do McLaren não ajudava. E no meio disto tudo, Max tinha já cinco segundos de diferença para Norris. E na volta 13, começavam as paragens nas boxes, primeiro com o Alpha Tauri de Tsunoda.
Os pilotos da frente, como tinham calçado médios, pretendiam ir o mais longe possível para fazer uma só paragem - poderia haver duas, também, daí as primeiras paragens de gente como os da Alpha Tauri - mas pelo meio, descobriu-se que os comissários estavam a investigar o incidente do Norris e do Perez. Todos acharam estranho porque ninguém reclamava do que se tinha passado, nem a Red Bull, nem minguém. No final, deram cinco segundos de penalização ao britânico, do qual ninguém entendeu lá muito bem o porquê. Por coincidência, ele estava a defender-se dos ataques de Lewis Hamilton, na disputa pelo segundo lugar. Coincidência?
Mas mais tarde, na volta 38, Checo estava a ser assediado por Leclerc e empurrou-o para a gravilha, perdendo segundos preciosos. Evidentemente, reclamou-se por consistência, e tiveram-na poucos minutos depois, com a penalização ao mexicano pela mesma manobra. Mas mais tarde... o mexicano fez o mesmo outra parte da pista! Mais segundos de penalização? Bandeiras pretas?
E tudo isto acontecia quando se descobria que Hamilton corria com algum dano, porque Bottas estava bem peto dele, e ambos estavam a ser assediados por Lando Norris. Com isto a acontecer, e a quererem proteger o britânico campeão, parecia que a coisa poderia caminhar para a farsa. Mas depois entenderam e Bottas lá pode atacar, devidamente autorizado, e ele foi passado, em menos de uma volta, por Bottas e Norris. O britânico foi trocar de pneus, metendo duros, mas o quarto lugar era mais do que evidente. Agora, cabia a Norris ver se apanhava Bottas e voltar a ser segundo.
E na frente, Verstappen estava tranquilo. Via o resto do pelotão apanhar penalizações a torto e direito, e a vinte segundos do resto, batia recordes, concentrava-se em chegar á meta como vencedor e alargar o campeonato. Atrás, Perez tentava distanciar-se o mais possível de Ricciardo, porque se estivesse a menos de dez segundos, perderia o quinto posto que era onde estava, e na ultima posição pontuável, Fernando Alonso alcançava George Russell e deixava o britânico a penar mais uma vez.
E foi assim que as coisas acabaram na Áustria. Agora com cinco vitórias no campeonato, parecia que o neerlandês estava bem lançado para um campeonato que poeria ser seu. Tinha o melhor carro, não errava, era consistente, tudo corria-lhe bem. Até a maioria dos fãs nas bancadas era dele!
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