O conjunto Williams-BMW era potente e veloz, e muitas das vezes lidava contra Ralf Schumacher, que estava no seu auge. E claro, ambos eram os maiores opositores de Michael Schumacher, que dominava na Formula 1 graças à Ferrari. Em 2003, lutou pelo título mundial até à penúltima prova, acabando no terceiro posto, com 82 pontos, menos onze que o do campeão, Michael Schumacher. E em 2004, na qualificação do GP de Itália, fez a volta mais rápida até então, a uma média horária de 262,242 km/hora, um recorde que demorou quinze anos a ser batido, e na altura foi por Lewis Hamilton, no seu Mercedes.
Mas nessa temporada, desenvolvimentos na Williams fizeram com que a relação entre piloto e equipa não estivesse tão harmoniosa assim. Primeiro, o nariz que a equipa usou, embora reconhecível, não era eficaz, e o colombiano nunca gostou, e depois, a decisão de assinar pela McLaren na segunda metade de 2003, fez com que ele não tivesse acesso aos melhores materiais, embora também o facto da BMW ter decidido que iria embora da equipa no final da temporada de 2005 - tinha feito uma proposta para comprar a Williams, algo que Frank Williams recusou - também tinha contribuído para isso.
Assim sendo, Montoya quis deitar tudo para trás quando partiu rumo a Woking, para a sua segunda equipa na Formula 1. E estava disposto a fazer disto um novo capitulo da sua carreira, uma de esperança... mas acabou sendo de pesadelo.
Juan Pablo Montoya podia saber guiar, mas não era o piloto em melhor forma do mundo. Muitos até acusavam que a sua atitude desleixada em relação à forma física o impedia de ser tão veloz quando devia, e assim sendo, começou a fazer dieta e exercício físico. Mas mesmo se a parte da forma fisica era cuidada, do lado do chassis, poderia ter a confiança de Adrian Newey, que desenhava desde 1997 os chassis da marca de Woking. Mas em 2005, o McLaren MP4-20 não parecia ser o melhor chassis que o mago aerodinâmico tinha desenhado, e para piorar as coisas, Montoya começou a queixar-se de problemas de direção. Ele achava que o volante "não estava ligado com o carro".
Apesar de tudo, o começo da temporada nem foi mau de todo, com um sexto lugar em Melbourne e um quarto posto na corrida seguinte, em Sepang, na Malásia, resultados bem melhores que os alcançados por Kimi Raikkonen. Mas poucos dias depois, a equipa anunciou que Montoya se lesionara a jogar ténis e não poderia participar nas corridas do Bahrein e Imola. Contudo, a realidade parecia ser diferente, porque na realidade, ele estaria a andar de bicicleta e lesionara o tornozelo e não o ombro, como se tinha dito.
O problema é que isso tinha causado um enorme mal estar dentro da McLaren, uma equipa altamente profissional, e Ron Dennis, um patrão absolutamente exigente. O próprio Newey disse que "ele se desgraçou quando fraturou o tornozelo a jogar ténis depois da sua performance na Malásia"...
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Apesar dos bons resultados, cedo se soube [em 2006] que Fernando Alonso iria para a McLaren em 2007, e nada se sabia muito bem do destino de Kimi Raikkonen. Na realidade, o finlandês já estava bem encaminhado para ser piloto da Ferrari nessa temporada, logo, o colombiano até poderia ter uma chance de ficar, se desse uma boa temporada. Mas o seu temperamento não era muito apreciado em Woking, e não esqueceram do que acontecera com a história do seu acidente.
Os primeiros resultados do ano foram marginalmente melhores do que no ano anterior, e um terceiro lugar em Imola até deu algum alento, mas as suas performances mercuriais, aliados a problemas no MP4-21 não ajudaram muito nas performances do colombiano. E em maio, o segundo lugar no GP do Mónaco, atrás do vencedor Fernando Alonso, mostravam que até conseguia tirar o melhor do carro e das circunstâncias. (...)
Há 15 anos, a carreira de Juan Pablo Montoya na Formula 1 acabou de forma melancólica ao serviço da McLaren. Um carro difícil de ser lidado, problemas físicos causados por um acidente doméstico, intercalados com grandes performances em pista, como a sua vitória no GP da Grã-Bretanha de 2005, e a sua relação difícil com Ron Dennis, tudo isso contribuiu para a sua partida a meio da temporada de 2006, a caminho da NASCAR, onde faria uma carreira meritória.
Tudo isso e muito mais falo este mês no site Nobres do Grid.
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