Vivia-se o rescaldo do acidente do ano anterior, onde oitenta pessoas encontraram a morte quando o Mercedes de Pierre "Levegh" embateu no muro de proteção e os seus pedaços espalharam-se nas bancadas, semeando a destruição. A marca alemã retirou-se da competição e em muitos lados, as autoridades locais decidiram cancelar as corridas, não ao ponto dos suíços, que aboliram de vez a competição no seu território... isto, se não forem elétricos.
Mas em 1956, sem Mercedes, era a Jaguar, sua rival, que queria repetir a vitória. Havia os oficiais, com Mike Hawthorn, Ivor Bueb, Paul Frére e Jack Fairman, enquanto Ninian Sanderson e Ron Flockhart corriam pelos escoceses. Claro, eles não corriam sozinhos, havia concorrência. Com os Jaguar havia a Aston Martin, que trazia com eles gente como Stirling Moss, Peter Collins, Roy Salvadori, Tony Brooks e Peter Walker; os Ferrari, que tinha Alfonso de Portago, Duncan Hamilton, Phil Hill e André Simon; os Porsche, com Hans Hermann, Humbeto Magioli e Wolfgang von Trips, e até a Lotus, que tinha Colin Chapman... como piloto!
A corrida - cujo fim de semana foi nos dias 28 e 29 de julho, um mês depois do normal - começou com um minuto de silêncio, em memória dos falecidos no ano anterior. Depois, a atmosfera voltou a ser o que era dantes, com chuva a cair um pouco antes da corrida e o asfalto estava húmido na altura em que os pilotos entraram nos seus carros. As condições estavam tão traiçoeiras que nos primeiros minutos, três dos candidatos foram eliminados: os Jaguar de Paul Frére e Jack Fairman e o Ferrari de Alfonso de Portago. Pior aconteceu ao Monopole de um local, Louis Héry, quando sofreu um acidente em Maison Blanche e o carro se destruiu. Gravemente ferido, morreu a caminho do hospital. Por essa altura, o Jaguar da Ecurie Ecosse, guiado por Ron Flockhart, já estava na liderança, enquanto o oficial, guiado por Mike Hawthorn, ficava nas boxes, tentando reparar um problema no sistema de combustível.
Mas Flockhart tinha concorrência. Os Aston Martin de Stirling Moss e Peter Walker andavam perto dele e assim continuou depois dos reabastecimentos e das trocas de pilotos. A noite caiu com mais alguns chuviscos e asfalto "temperados", e Moss aproveitou a sua experiência na Formula 1 para passar à frente. Ron Flockhart, o parceiro escocês, não desistia e pelas três da manhã, estava de novo na frente e safando-se das armadilhas.
Pelas sete da manhã, voltou a chover, e Flockhart ficou de novo na liderança sobre Moss, que começava a ter problemas com a segunda velocidade, atrasando-se e acabando coma volta de atraso. Para o britânico, que passou para a história como alguém que nunca ganhou títulos na Formula 1, também ele nunca venceu nas 24 Horas de Le Mans, e este segundo lugar de 1956, foi também o seu melhor resultado em La Sarthe.
Mas naquela tarde, a Jaguar vencia mais uma vez.
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