Até há duas semanas, a direção do rali estava nas mãos da dinâmica Nathalie Maillet, uma belga de 51 anos que, sendo formada em arquitetura, tinha no automobilismo a sua paixão. Contudo, no passado dia 15 de agosto, foi morta na sua casa do Luxemburgo nas mãos do seu marido, que depois acabou por virar a arma contra si mesmo. O crime - inexplicável e chocante em todos os sentidos para quem viu isto de fora - à partida parecia ser uma situação de violência doméstica, um ataque de ciúmes, ou até uma situação de "apanhada com a boca na botija", mas passados alguns dias, com a poeira assentada, assumiu contornos de motivos fúteis. E explica-se assim.
Há algum tempo - provavelmente no último ano - madame Maillet decidiu sair do armário e assumir uma relação com outra mulher, Ann Lawurence Durviaux. Assim sendo, aproveitou para pedir o divórcio com Franz Dubois, seu marido, algo do qual não aceitou muito bem. Relutantemente, as coisas foram adiante, mas as tensões ficaram cada vez mais altas em relação à partilha dos bens que tinham em comum. As discussões eram frequentes, mas aparentemente, quando convidou ambas para um jantar num restaurante na cidade do Luxemburgo, naquele sábado, era para resolver essa divisão de bens, e mais tarde foram para casa, onde o duplo homicídio + suicídio acabou por acontecer. Se as coias descambaram para aquela situação ou se foi uma armadilha para atrair ambas e causar o desfecho que é conhecido, cabe ao inquérito policial discernir qual das hipóteses é a mais verdadeira.
O que se pode dizer em relação a ela é que, como administradora do circuito de Spa-Francochamps, todos a consideravam como excelente e capaz de fazer as reformas e remodelações que aquele circuito precisava para acolher as competições principais do automobilismo mundial. E todos ficaram chocados e tristes com o seu precoce e brutal desaparecimento. E como o ser humano pode ter não só compaixão e empatia, como também ciúme, inveja e psicopatia.
E nesse último campo, todos saímos a perder.
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