Como falar sobre algo do qual não havia condições para acontecer? E num circuito desafiante, do qual certas curvas, à chuva, são perigosas? E também, como dizer às pessoas que foram à pista, passaram todo o dia encharcados que nem pintainhos, que todo aquele dinheiro, do qual muitos juntaram o ano inteiro para ir lá, acabou dessa forma?
E pior ainda: num tempo onde há gente que acha que as corridas tem de acontecer, dê por onde der, porque "são pagos por isso", entre outras coisas, como lidar com pessoas que querem ter razão, mesmo que não tenham? Eu já disse de minha justiça: há gente por aí que sofre de alguma psicopatia e necessita de ir ao psiquiatra "para ontem".
Mas bem vistas as coisas, isto era algo do qual se esperava. Choveu desde sexta-feira e iria ser assim por todo o final de semana, domingo incluindo. O que se calhar poucos previam eram as núvens baixas, que afetavam a visibilidade na pista. E também, com aquilo a ser no meio das Ardenas, não ajuda muito...
Antes da corrida, houve avisos, quando Sergio Perez bateu em Les Combes quando ia para o seu lugar na grelha. A Red Bull recebeu o carro nas boxes e começou a correr contra o tempo para o ter pronto na grelha. Ainda antes disso, Lando Norris, por causa dos danos de ontem, teve a sua caixa de velocidades substituida, e com isso, foi penalizado em três posições. E pensando que poderia haver corrida, Kimi Raikkonen decidiu largar das boxes era Kimi Raikkonen, porque substituiu a sua asa traseira, mais adaptada às condições de chuva.
Mas por agora, era o Safety Car que liderava, e o resto ia atrás, Com os carros a chegar a Les Combes, Max Verstappen diz que a visibilidade é reduzida e a pista é muito escorregadia. Lando Norris queixava-se também de "acquaplanning", e parecia que não havia condições para termos uma prova propriamente dita. E claro, com estas condições, a bandeira vermelha foi inevitável.
Quando aconteceu, passava pouco das 15:30 locais. a partir dali, houve uma espera de quase duas horas para que as condições do tempo melhorassem e tivéssemos uma corrida decente. Havia o tempo a ser contado para o limite das três horas, mas quando os ponteiros chegaram às 17 horas locais, Michael Masi decidiu que o relógio seria parado, alegando "força maior". Ou seja: enquanto tivesse luz, haveria corrida.
E quando chegou às 18 horas locais, 17 horas nestas bandas, o aviso: a corrida recomeçaria dentro de um quarto de hora. O paddock agitou-se, os espectadores aliviaram-se, e as pessoas nas casas, por fim, iriam ver aquilo que queriam ver nas televisões. Só que quando os carros já iam sair das boxes, a chuva voltava a cair na pista. E pior: iriam ter uma hora de corrida. Uma Sprint Race improvisada, e de novo atrás do Safety Car.
Mas ao fim de três voltas, os carros recolheram às boxes e Michael Masi deu a prova por terminada. Pódio para as televisões, era um facto, mas ninguém estava feliz. E a palavra "farsa" ouvia-se de boca em boca, mas Lewis Hamilton era o que falava mais claramente.
Em suma, foi mau, mas podia ter sido bem pior.
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