quarta-feira, 15 de setembro de 2021

A imagem do dia

 


Passam-se exatamente vinte anos sobre aquela tarde de sábado na Alemanha. E esta imagem irá arrepiar enquanto ainda existirem seres humanos impressionáveis. Mas o mais incrível no meio disto tudo é que o piloto em questão, Alex Zanardi, não só sobreviveu a isto, mas como ainda sofreu outro acidente do qual continua a recuperar, do qual apenas teve como grande consequência a sua habilidade em falar.

Quando os eventos do 11 de setembro aconteceram, a caravana da CART estava na Europa, para corridas na Alemanha e na Grã-Bretanha, ambos em ovais (Rockingham e Lausitz). O pelotão estava em choque e a corrida esteve em dúvida até às vésperas, quando se decidiu ir para a frente, mudando o nome de German 500 para American Memorial. E para complicar as coisas, a chuva que caiu no local, fez cancelar a qualificação, sendo a grelha definida pela classificação do campeonato. 

Nessa altura, Zanardi tinha regressado à CART depois de um ano de pausa após uma passagem frustrante pela Formula 1, na Williams. Contudo, nesta segunda passagem pela competição americana, no carro preparado pela Mo Nunn Racing - o homem por trás da Ensign na Formula 1 -  o piloto italiano, então com 35 anos, não estava a ter uma grande temporada. E ironicamente, a corrida de Lausitz era a primeira em que o piloto liderava.

Mais tarde, Johnny Herbert, seu antigo companheiro na Lotus, em 1993 e 94, expressou o seu choque: "Esperas acidentes, é verdade, mas nada neste tipo [de horribilidade]". Pessoalmente, lembro-me bem do acidente, e durante muito tempo, fiquei convencido que ele estava morto, que aquele acidente não era feito para sobreviver. E na realidade, esteve quase: o italiano perdeu três litros de sangue. Se perdesse mais um litro, teria sido fatal.

Mas claro, todos sabemos o final da história. E o que aconteceu depois. E o que fez nos dezanove anos seguintes, na sua segunda vida, primeiro como piloto, depois como paraciclista e as medalhas olímpicas que conquistou em Londres e no Rio de Janeiro. Tudo antes do seu segundo acidente, em 2020, nos arredores de Siena. Onde mais uma vez, teve de voltar a aprender tudo de novo, e da maneira como a família fala dele, agarra-se de novo à vida. 

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