domingo, 3 de outubro de 2021

A imagem do dia


Faz agora meio século que a Formula 1 chegava ao final da temporada no circuito de Watkins Glen, depois de... 11 corridas. Menos de metade das 23 que temos agora, para terem uma ideia. É que naquele tempo, entre as corridas 1 - em Kyalami, África do Sul - para a ronda 2, em Montjuich, em Espanha, durou... sete semanas. Outros tempos. 

Naquele ano, a Formula 1 acabou em Watkins Glen, depois da saída de cena do circuito do México, por causa da morte de Pedro Rodriguez e as confusões do ano anterior, devido ao excesso de espectadores. E os organizadores decidiram renovar o circuito, acrescentando uma grande quantidade de pista. Com uma nova camada de asfalto, parecia ser um circuito moderno. Mas... tudo ficou pronto na semana do Grane Prémio, e sempre que os carros passavam em cima da terra fresca, esta levantava-se e fazia os carros deslizarem-se.

Era verdade que os Tyrrell tinham dominado a temporada, graças ao feitos de Jackie Stewart, que também ajudou a que a equipa alcançasse o seu único título mundial de Construtores. Mas o escocês tinha um escudeiro, o jovem francês Francois Cevért, que na sua primeira temporada completa, conseguindo quatro pódios e uma volta mais rápida. Mas o seu grande feito foi o que aconteceu neste dia, em Watkins Glen, e o que isso representou ao automobilismo francês.

Quinto na qualificação, Cevert segue o seu mestre, depois de ter passado Dennis Hulme pouco depois da partida. Mas a partir da 11ª volta, os pneus de Stewart não funcionavam no asfalto americano, e o francês aproximou-se, mas não o tentou passar. Quando o escocês sinalizou para que o passasse, na volta 14, ele aproveitou e foi para a frente. Stewart acabaria no quinto lugar, enquanto Cevért tinha de lidar com Ickx e Hulme. E foi isso que aconteceu na volta 47, quando ambos se aproximaram dele, e o Ferrari do belga teve problemas devido a uma fuga de óleo. O belga desistiu, e o neozelandês, quando paddou por ali, bateu contra os guard-rails, danificando o seu McLaren. E quando Cevért passou... também escorregou no lugar, mas saiu incólume.

Quando cortou a meta, conseguia algo do qual a França procurava desde 1958: uma vitória na Formula 1. A última vez tinha sido com Maurice Trintignant, no seu Cooper da Rob Walker Racing, e o país vivia um deserto, do qual lentamente, estavam a sair. Primeiro, com a Matra, depois com pilotos como Jean-Pierre Beltoise, Johnny Servoz-Gavin e o próprio Cevért. E quando ele alcançou o triunfo, este foi celebrado como se fosse a final de um campeonato do mundo. E ele, na equipa campeã do mundo, viram-no como alguém que poderia ter material para tal.

E pela terceira vez na sua história, Watkins Glen acolhia um estreante nas vitórias, depois de Jochen Rindt, em 1969, e Emerson Fittipaldi, no ano seguinte. Para Cevért, Watkins Glen tornou-se no seu lugar favorito. O que não sabia era que, dois anos e três dias depois, iria ser o local da sua sepultura automobilística. 

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