quarta-feira, 20 de outubro de 2021

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Há precisamente 30 anos, Ayrton Senna triunfava em Suzuka, depois do seu maior rival ao título, o britânico Nigel Mansell, se ter despistado na décima volta. Foi a última vitória de um carro com motor V12 na história da Formula 1, e também a última vitória de um motor Honda na categoria máxima do automobilismo. 

Mas ali também foi o local da última corrida de Alain Prost ao serviço da Ferrari, e as suas declarações, depois de um discreto quarto lugar, a mais de um minuto e vinte segundos do vencedor, causaram agitação numa equipa que já estava pelos cabelo de Prost, o politico. E chamar o carro de camião, porque ele tinha dificuldades em guiá-lo, foi o pretexto perfeito para o despedir. Mas claro, há muito tempo que eles já não conseguiam aturar o francês.

Depois de o terem conseguido os serviços do piloto, vindo de uma McLaren que se tinha rendido aos encantos de Senna e do motor Honda, julgavam que Prost seria o caminho para os títulos que já lhes fugiam desde 1979. E a certa altura de 1990, quando ele venceu três corridas seguidas, a meio da temporada - México, França e Grã-Bretanha - parecia que tinha quebrado a espinha da equipa de Woking. Mas eles reagiram e o "showdown" de Suzuka, que saiu a favor de Senna, estragou a sua chance de campeonato.

Chegados a 1991, a entrada de leão do brasileiro - quatro vitórias consecutivas - fez com que as tensões dentro da equipa se elevassem. Cesare Fiorio foi despedido depois do GP do Mónaco, porque estava a fazer frente ao francês, mas de pouco serviu para aplacar as queixas do francês. O que ele sabia era que Senna vencia e ele não. Pior: Nigel Mansell, seu companheiro da Ferrari no ano anterior, e que o tinha batido sem apelo nem agravo, vencia corridas atrás de corridas na Williams, e era agora o principal candidato a opositor a Senna para o seu tricampeonato. 

Mesmo com cinco pódios, e um chassis totalmente novo a meio da temporada, Prost não tinha triunfado vez alguma. E sabia que estava encurralado na sua própria armadilha, portanto, arranjou um pretexto para sair dali. O "camião" foi o pretexto para sair da equipa. Foi pela porta do cavalo, mas foi. 

E por incrível que pareça, há 30 anos, Mansell, Piquet, Senna e Prost iriam correr juntos pela última vez. Sem saber, ao se comemorar o título do brasileiro, tínhamos assistido ao final de uma era, do qual e gente da minha idade se habituou a vê-los. A Formula 1 ia entrar numa nova era, pois Michael Schumacher e Mika Hakkinen já andavam aí. 

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