sexta-feira, 8 de outubro de 2021

A imagem do dia


Há precisamente 60 anos, a Formula 1 chegava pela primeira vez a Watkins Glen - e lá ficaria nos próximos 19 anos -  e naquele rescaldo de uma temporada de domínio da Ferrari, que tinha terminado em tragédia na corrida anterior, em Monza, com a morte de Wolfgang von Trips, a prova, sem os carros da Scuderia, foi vencida pela primeira vez por um carro oficial da Lotus, com Innes Ireland ao volante.

Contudo, a prova será marcada pelo pódio de Tony Brooks, pela BRM. O que não se sabia na altura, mas aquela era a última prova do "dentista voador" na Formula 1. Então com 29 anos, Brooks tinha passado pela Ferrari e Vanwall, para além de ter corrido num Cooper inscrito pela Yeoman Credit Racing Team, em 1960. Segundo classificado em 1959, depois de ter sido terceiro na temporada anterior, apenas atrás de Mike Hawthorn e Stirling Moss, Brooks estava a ter uma temporada modesta em 1961, apenas tendo pontuado no infame GP de Itália com um quinto lugar. 

Contudo, em Watkins Glen, as coias correram melhor, primeiro com um quinto posto na grelha de partida para a corrida do dia seguinte. A prova foi relativamente sem história, não se envolvendo muito nas lutas pela liderança, primeiro entre Jack Brabham e Stirling Moss, depois, quando este desistiu na volta 59 devido a uma queda na pressão de óleo, entregando a liderança a Innes Ireland, o perseguidor foi Roy Salvadori, que no seu Cooper privado, ameaçava o Lotus oficial. Mas na volta 96, o seu motor explodiu, e deixou Ireland à vontade, na frente de Dan Gurney, no seu Porsche. 

Brooks chegou ao terceiro lugar e ao primeiro pódio da temporada para a BRM por causa dos azares dos outros, mas sabia que era um sortudo. O seu estilo calmo e confiante, sem ser muito agressivo, fazia o difícil... fácil, fosse a guiar, fosse noutras coisas, especialmente numa competição onde o risco de morte era elevado. Em muitas medidas, era parecido com Juan Manuel Fangio.

Contudo, nesse final de 1961, Brooks estava desmotivado. A sua carreira tinha sido dedicada à Vanwall, e quando Tony Vanderwell decidiu retirar-se depois da morte de Stuart Lewis-Evans, no GP de Marrocos de 1958, Brooks queria ir embora junto dele. Mas decidiu ficar mais um tempo. Quando foi para a BRM, em 1961, já tinha decidido ir embora. E no final do ano, mesmo com melhores resultados, queria se dedicar ao seu negócio de montar uma garagem em Weybridge. E o desenvolvimento que se tinha aplicado ao longo do ano em desenvolver o motor V8 da BRM teve dividendos com outro piloto: Graham Hill

E quem conhece a história, sabe quem foi o campeão de 1962. Agora imagine-se com Brooks por perto. Motivado, teria sido um campeão muito tranquilo, com certeza. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...