Sobre o caso americano, eles já afirmaram que isso está decidido em 2023, resta saber qual será. O campeonato nacional têm dez provas relativamente populares, o meio, embora pequeno, é bem ativo - nada a ver com a NASCAR ou a IndyCar, mas existe - e agora resta saber qual vai ser a prova escolhida. A ida do WRC à America não será virgem: logo no ano de estreia, em 1973, com o Press-on-Regardless, na zona de Detroit, e que ficou até ao ano seguinte, e depois, entre 1986 e 1988, com o Rally Olympus, no estado do Oregon, no Noroeste. Pelo meio, o Canadá recebeu por duas vezes o WRC. Primeiro, em 1974, houve o Rideau Lakes, no Ontário, e entre 1977 e 79, aconteceu o Criterium du Quebec.
Apesar de não se saber bem qual será a prova que acolherá o WRC, boa parte destes ralis americanos são na zona norte-noroeste, e o velho Rally Olympus ainda existe, integrado no campeonato local, o que se pode perspetivar um regresso a um local conhecido, quase 35 anos depois da última vez. Mas o WRC, com esta obsessão em ir a locais onde os outros também estão a ir, desconhecendo-se se terão público para tal, em vez de ir para locais populares, não será que anda a descaracterizar-se? Já vai ao Japão por causa das marcas - na primeira vez que foi, no final dos anos 90, tinha a ver com o Rally Hokkaido e eram raros os espectadores - e se o Safari tinha a ver com a tradição, os outros locais não se entendem muito bem.
O WRC é essencialmente, europeu. Um lugar onde o WRC nunca foi, a República Checa, tem ralis que são hiper-populares, bem preenchidos em termos de espectadores, e com a pandemia, outros ralis populares como o Ypres, na Bélgica, e o Rally Monza, em Itália, apareceram para "tapar buracos", e são altamente populares. O calendário tem metade dos ralis na Europa, e tem duas alternativas: ou alarga o calendário para 14 ou 16 - já aconteceu, e as marcas não gostaram muito - ou então, corta nos ralis europeus, deixando apenas os mais famosos, como Monte Carlo e Finlândia. E claro, não há vacas sagradas. Mas quando desaparecem de vista estes ralis, sofrem um pouco.
A ideia de reforçar o ERC, o campeonato europeu de ralis, é uma boa ideia. Tem o apoio da Eurosport em termos de televisão, mas transferir para lá algum rali europeu que não caiba no calendário principal, significa que as equipas de fábrica não aparecem por lá, e pior do que isso, não aparecem os Rally1, em nome da competitividade.
O dilema está lá. O WRC é um sucesso, mas descaracterizá-lo, em nome de uma maior mundialidade, poderá ser contraproducente.
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