Estamos em setembro de 1994, e na Benetton, Michael Schumacher é dono e senhor. Jos Verstappen e J.J. Letho eram pouco mais que atores secundários, e estar ali, mesmo com o melhor chassis do campeonato - encarem isto com um grão na asa, se é que me entendem... - era mais um inferno que um paraíso. Ao primeiro piloto tudo, aos outros, as sobras.
Bernie Ecclestone via os consagrados irem para a CART, e queria responder. Ainda por cima, numa temporada onde os acontecimentos de Imola estavam frescos e a Formula 1, pela primeira vez desde 1959, não tinha um campeão do mundo na grelha de partida. Então, tentou seduzir os melhores do outro lado do Atlântico para darem "o pulo" para a Europa, do qual apenas Michael Andretti foi seduzido... e não se deu bem.
Alguns dias depois do GP de Portugal, e enquanto Michael Schumacher testava... o Ligier-Renault (a equipa tinha sido comprada por Flávio Briatore porque queria o contrato com os motores franceses), o canadiano, uma as estrelas emergentes da CART, entrava no Benetton B194 para saber como era conduzir aquele carro e se poderia seguir os passos de Gilles Villeneuve para ser o próximo canadiano na Formula 1.
Contudo, as coisas não foram muito rosadas, e ele esteve prestes a não entrar. Primeiro, houve um conflito entre as tabaqueiras - a Benetton tinha a Mild Seven, Tracy era piloto a Penske, que era apoiado pela Philip Morris, que detinha a Marlboro - e Ecclestone teve de telefonar a Briatore e ordenar aos berros para que desse ao canadiano a sua chance. Depois, quando os testes acabaram, Briatore lhe deu um contrato de três anos, no qual praticamente era "refém" dele. Que não assinou.
Os tempos até foram competitivos, em relação a Verstappen e Letho, mas quando Schumacher chegou, praticamente ficou a três segundos do alemão. E depois disse que teve sérias dificuldades em se adaptar no carro, porque... ele mal cabia nele. Anos depois, em 2013, Tracy contou no programa brasileiro Linha de Chegada que o teste "matou a minha vontade de correr na Formula 1."
Os canadianos não esperaram muito tempo para ver um dos seus na categoria máxima, vinda da CART. E foi o campeão de 1995, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e filho de uma lenda...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...